O primeiro grande desafio da oposição em Mossoró não é vencer a prefeita Rosalba Ciarlini (PP), o rosalbismo/rosadismo e a estrutura da Prefeitura Municipal de Mossoró nas eleições de 2020. É um caso mais íntimo, do seu eu, que exige superação de um estado emocional preexistente.
Precisa ser, desejar ser. Ser minimamente oposição. Sentir-se capaz de representar um vasto contingente humano que não está satisfeito com o governo, governantes e o que eles representam. Uma parte considerável da população está dispersa e na orfandade. Sem governo, sem oposição.
A campanha municipal de Mossoró começou há tempos. E quem apertou o start, acionando os propulsores turbinados dessa prévia não foi qualquer pretenso candidato oposicionista. A própria prefeita Rosalba Ciarlini arregaçou as mangas ainda no final do ano passado e, imediatamente, começou sua jornada eleitoral para 2020.
“Quem é coxo parte na frente”, ensina um conhecido provérbio de domínio público. Contudo é estranho que em vez de qualquer oposicionista, esses passos sejam dados por quem ostenta maior força.
Contraditório? Não.
Rosalba não conseguiu levar a chapa com seu filho Kadu Ciarlini (PP) sendo vice de Carlos Eduardo Alves (PDT) a uma simples vitória em Mossoró nos dois turnos, na disputa ao governo estadual. Desde então, age em várias frentes: mídia, administração e politica.
Dá demonstração de consciência da ameaça que a ronda e enfrenta com vigilante realismo um cenário que lhe é perturbador, apesar de favorável. É um receio consciente, mas inconfessável. Revela-se em atitudes, não em palavras.
Quanto à oposição, essa parece estar no “modo avião”: desligada.
Há alguma conversa de bastidores, continuada desarticulação e nenhuma atitude prática visível que aponte à montagem de uma composição competitiva e viável. Chapa, não um nome a prefeito apenas. Projeto, não um esboço de aventura.
“O rosalbismo/rosadismo não tem adversário até o momento, mesmo com profundo desgaste em imagem, números e votos recentes, mas vê fantasmas com rostos disformes em todos os lados”, destacamos na postagem “Entrincheirados, Rosados veem adversários em todos os lados“.
E a oposição, como enxerga os Rosados?
De baixo para cima. Com um temor paralisante e quase reverencial. Mais do que um constatação política, o que se diagnostica é um quadro de complexo de inferioridade, à procura de um divã psicanalítico.
Diferentemente da apreensão opositora, o rosalbismo/rosadismo se movimenta, age rápido, para evitar maior surpresa adiante. Seu medo é reativo, sobretudo porque tem pesquisas em mãos que lhe alertam para fazer algo, em face do desgaste pessoal da prefeita e de sua gestão.
Em 2016, quando venceu o pleito municipal pela quarta vez, Rosalba Ciarlini somou 67.476 votos (51,12%). A soma obtida pelos quatro adversários (incluindo o desistente candidato à reeleição Francisco José Júnior-PSD, prefeito à época) chegou a 65.114 votos (49.38%).
Rosalba teve apenas 2.362 votos a mais do que os contendores, cumulativamente. Uma maioria esquálida de 1.74% dos votos válidos.
Essa foi a distância que ficou entre a vencedora e os derrotados em 2016. Hoje, a realidade é ainda mais estreita entre oposição e governo, em face do próprio quadro administrativo municipal e outros fatores que fogem ao controle desses protagonistas.
O resto é medo.
Fonte: Carlos Santos
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.