Para a especialista em políticas educacionais Paula Louzano, a resistência a aprender com outros países está nos deixando para trás na área da educação.
Pedagoga pela universidade de São Paulo, com mestrado em educação comparada pela Universidade Stanford e doutorado em política educacional pela Universidade Harvard, a brasileira Paula Louzano é uma das maiores especialistas do Brasil em educação comparada e políticas públicas para a educação. Ela liderou o Programa de Especialização Docente para formação de professores de matemática em parceria com sete universidades brasileiras, usando o conhecimento de formação de professores da Stanford.
O programa existe desde 2015. Há dois anos, Paula dirige a Faculdade de Pedagogia da Universidade Diego Portales, no Chile. A experiência no país com os melhores resultados em educação da América Latina e seu sólido conhecimento da realidade do ensino brasileiro fazem dela uma das críticas mais afiadas da forma de tomar decisões e conduzir políticas públicas em educação no Brasil. Paula Louzano conversou com EXAME quando esteve no país para participar do Seminário Internacional de Educação Básica: Gestão Pedagógica e os Resultados de Aprendizagem, realizado em Fortaleza em agosto.
A senhora é uma crítica contundente da forma como o Brasil reage às experiências de outros países. O que está errado?
Quando se está atrasado na agenda, como é o nosso caso, é muito importante olhar para as soluções que outros países buscaram. Quando olhamos para uma política internacional, olhamos também para a trajetória da implementação. Os erros e acertos nesse percurso são riquíssimos, podem nos ajudar inclusive com políticas que não sejam as mesmas, mas que em algum momento do processo enfrentam questões semelhantes na implementação. O pesquisador Michael Fullan [especialista canadense em reforma educacional] diz que a ideia é 25% e a implementação é 75% da solução. Essa é uma das principais perdas que o Brasil tem ao se recusar a fazer essa análise. O Brasil olha muito pouco para fora. Existe uma cultura de usar nossas diferenças como uma barreira para a discussão comparada: “o Brasil é muito grande, ou é muito diverso, ou é muito pobre para ser comparado”. Com essas desculpas, perdemos chances de aprender, de errar menos e de acertar mais com menos dor.
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Fonte: Flávia Yuri Oshima - Exame
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