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domingo, 17 de janeiro de 2016

UM DOS EMPREITEIROS DO PETROLÃO RECORREU A EX-MARIDO DE DILMA PARA TENTAR SALVAR NEGÓCIOS.

José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, que negocia delação premiada, aproximou-se de Carlos Araújo. O empresário precisava destravar barreiras dos empréstimos oficiais.

Há três anos, o grupo Engevix, que tem empresas nas áreas de óleo e gás, petroquímica, siderurgia, mineração e infraestrutura, começou a enfrentar sérios problemas financeiros. Já sentia os efeitos da desaceleração da economia. Para sobreviver, o empresário José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, bateu em diversas portas da alta burocracia, sem sucesso. Até que partiu para uma ação desesperada. Constatou que, para destravar as barreiras dos empréstimos oficiais, restava somente falar com a própria presidente Dilma Rousseff. Foi desaconselhado – é notória a aversão de Dilma a contatos com empresários que saiam do esquadro republicano. Mas Antunes tinha um plano. O plano chamava-se Carlos Franklin Paixão de Araújo.
Carlos Araújo, um advogado trabalhista gaúcho, é ex-marido da presidente Dilma Rousseff, com quem manteve uma relação de 30 anos, entre 1969 e 2000. Conheceram-se no Rio de Janeiro e iniciaram um romance usando seus codinomes da época em que integravam organizações clandestinas que se opunham ao regime militar – Max e Estela. Passaram a viver juntos somente quando ela se mudou para Porto Alegre, em 1972, para cursar economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), depois de sair da prisão e abandonar as fileiras do grupo armado VAR-Palmares. Mesmo após o divórcio, ele e Dilma mantiveram-se amigos. Tanto que Araújo é, hoje, um dos poucos conselheiros da presidente. É a ele que Dilma recorre em tempos de tormenta. Jamais deixa de visitá-lo quando vai a Porto Alegre. “Sou mais um ouvido atento que um consultor”, afirmou Araújo sobre a relação com Dilma, em entrevista à revista GQ, em setembro do ano passado.
Nos últimos meses, uma equipe de repórteres de ÉPOCA dedicou-se a uma investigação especial com o objetivo de descobrir se o plano do executivo da Engevix deu certo. Descobriu-se que, ao menos, a estratégia foi posta em marcha. Houve uma reunião secreta entre executivos da Engevix e Carlos Araújo. ÉPOCA entrevistou, em cidades como Brasília, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, quase duas dezenas de fontes envolvidas nessa história – ou com conhecimento direto dela. Complementaram-se as entrevistas com documentos comerciais, fiscais e cartoriais. Além disso, um ex-vice-presidente da Engevix, que intermediou um encontro entre Antunes e o ex-marido de Dilma, aceitou gravar um depoimento exclusivo e revelador sobre o caso. Emergem dessa investigação evidências de que Carlos Araújo prometeu ajudar a Engevix junto ao governo Dilma. Descobre-se que, no mesmo período, a empreiteira pagara ao menos R$ 200 mil, por meio de um intermediário, a um casal amigo de Dilma e seu ex-marido. Ressalte-se que não há indício de que a presidente saiba o que transcorreu.
Hoje, a Engevix é uma das principais empreiteiras acusadas de participar do cartel do petrolão. Seus executivos, como Antunes, estão encalacrados junto à Justiça. Antunes e Gerson Almada, outro sócio da Engevix, negociam acordos de delação premiada – e a empresa, quase quebrada a esta altura, negocia um acordo de leniência junto ao Ministério Público Federal (MPF). Antunes e Almada cumprem prisão domiciliar. Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato estão em fase avançada, sobretudo, das negociações do acordo de delação premiada de Antunes. Um dos pontos discutidos nas conversas entre procuradores e os advogados de Antunes e da Engevix, segundo ÉPOCA confirmou com fontes que participam das tratativas, contempla precisamente a relação da empreiteira com Carlos Araújo. A força-tarefa já rastreia, sigilosamente, provas que podem corroborar o que Antunes está disposto a dizer em juízo sobre um assunto tão grave. Ele já revelou aos procuradores a existência da abordagem a Carlos Araújo. Mas ainda não se sabe se disse tudo o que conhece acerca do caso. “Estou proibido de falar sobre o assunto”, disse Antunes a ÉPOCA.

Fonte: Ana Clara Costa e Thiago Bronzatto - http://epoca.globo.com/

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