Demorei muito para assimilar o caráter de meu pai. Mas antes tarde do que nunca. Faz anos que tomei para mim, seus ensinamentos de forma rigorosa. E hoje, asseguro, ele teria orgulho do filho que ele deixou.
Indiferente a qualquer contestação, era meu, aquele galeguinho de olhos claros, que ele gostava mais. Era eu, o companheiro dele, nas tardes de domingo. Era ele, o pai que toda criança gostaria de ter. Era eu, aquele que olhava para ele, e via a lealdade em pessoa.
Tive pouco tempo de convívio com meu pai. Foram somente 12 anos. E DEUS tirou-o fisicamente, mas deixou-o tatuado em meu coração. pois dele, um só dia, não esqueço. Aliás, a cada hora, lembro de seu sorriso curto e jeito sisudo. o que mais me fez e faz falta, desde quando ele partiu.
Era uma terça-feira, 21 de outubro de 1980.
Depois disso, minha vida deu um giro de 360º e eu mudei. Sofri, apanhei da vida, e depois de muitos anos, "acordei". Comecei um trabalho lento e gradual de soerguimento. Tropecei algumas vezes, mas nunca perdi o objetivo de equiparar-se ao que era meu pai para mim.
E enfim, alcancei grande parte da minha meta. Hoje, sou exemplo para meus filhos. E isso, não tem valor que cubra. Não tem equiparação. É tudo que se pode deixar para a posteridade.
Nunca haverei de obter o grau que meu pai chegou. Mas imitou-o no quesito seriedade, mesmo humanamente falhando, vez por outra.
Ele deixou seu exemplo, que é meu principal combustível, para vencer.
Saudades do meu pai, sempre
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