Especialistas apontam que pandemia entra em segunda onda com focos de disseminação para além das metrópoles. Doria fala em prender quem infringir regras a partir de segunda.
No momento em que enfrenta ainda a fase inicial da epidemia de coronavírus com 941 mortos e 17.857 infecções, o Brasil se prepara para atravessar dois feriadões nos próximos dias em um contexto em que os brasileiros começam a relaxar o isolamento social e a aumentar a circulação nas ruas em todos os Estados do país. O afrouxamento individual se soma à escassez, até o momento, de medidas mais duras dos governantes para reduzir o fluxo de viagens. E começa a ser observado em um momento em que o país sequer entrou na fase mais aguda da crise, quando há transmissão descontrolada da doença, mas cujo sistema de saúde já sofre a pressão da pandemia.
Em meio a uma alta demanda reprimida de testagem, com longas filas de espera para a notificação dos casos positivos da Covid-19, o número brasileiros infectados conhecido ainda está distante do real. Especialistas explicam que estamos a cada dia observado um retrato de duas ou três semanas atrás e projetam que, estatisticamente, o país já pode ter rompido a marca de 86.000 casos. Apontam ainda que, se o país viveu uma primeira onda de disseminação da doença concentrada nas metrópoles, agora já enfrenta uma segunda onda com focos de disseminação no interior, que têm estrutura para tratamento de casos graves mais precária e muitas vezes dependem das cidades de referência, que já sofrem o aumento da demanda.
“É perigosíssimo a população começar a relaxar nesse momento. Estamos ainda no começo de ascensão da curva, num cenário de defasagem dos casos confirmados extremamente importante. Se as pessoas pensarem que já fizeram o sacrifício por três semanas e que agora podem relaxar, pode ser uma catástrofe”, afirma Domingos Alves, do Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. O pesquisador desenvolve um trabalho de monitoramento com cientistas de outros Estados e têm um portal para monitoramento da disseminação do vírus pelo país. Alves destaca que o caso de São Paulo, o primeiro hub de disseminação do coronavírus no Brasil, é emblemático para entender os riscos.
Desde que o Estado decretou oficialmente as medidas de isolamento social, inclusive com fechamento de comércio, o índice de isolamento da população chegou a 60%. Duas semanas depois, mais precisamente na última quarta-feira, caiu para uma média entre 49% e 50%. Isso significa que menos da metade da população paulista segue o distanciamento social e está distante dos 70% que os especialistas que assessoram o governador João Doria (PSDB) consideram necessário para frear a disseminação do coronavírus e dar tempo para que o sistema de saúde seja ampliado e tenha condições de receber os pacientes mais graves com a Covid-19.
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Fonte: Beatriz Jucá/El País
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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