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segunda-feira, 5 de março de 2018

APESAR DE BOM DESEMPENHO NAS PESQUISAS, MARINA SILVA ENFRENTA O AFASTAMENTO DE ALIADOS.

A saída dos deputados federais Alessandro Molon e Aliel Machado da Rede expôs a fragilidade de seu partido.

Bom desempenho nas pesquisas, retrospecto de 20 milhões de votos nas duas últimas eleições e ausência de acusações de corrupção são ativos que qualquer candidato almeja. Mas não têm sido suficientes para que Marina Silva (Rede-AC) consiga mobilizar um quadro de apoiadores que dê força política à sua terceira tentativa de chegar à Presidência da República. A saída dos deputados federais Alessandro Molon e Aliel Machado da Rede, na semana passada, expôs a fragilidade de seu partido e o isolamento vivido pela ex-senadora a sete meses da eleição.
Além dos parlamentares, nomes que ocuparam postos estratégicos nas campanhas de 2010 e 2014, como Neca Setúbal, Guilherme Leal, Sérgio Xavier e João Paulo Capobianco, também se distanciaram nos últimos anos. Eduardo Giannetti, principal conselheiro de Marina na área econômica em outras disputas, não demonstra o mesmo entusiasmo de pleitos passados.
— Estou finalizando um projeto de livro e, por isso, tenho conversado pouco com a Marina. Pretendo apoiá-la em 2018, mas com um grau de envolvimento menor do que em 2014.
Gianetti não é o único. Ouvidos pelo GLOBO, aliados que estiveram ao lado da líder da Rede desde que ela se tornou uma figura de destaque do cenário político nacional evitam criticar abertamente a pré-candidata. Alguns a admiram e manifestam intenção de votar nela novamente, mas todos reconhecem: uma série de erros está fazendo Marina deixar escapar a chance de se posicionar como favorita no pleito de outubro.
Marina pode ficar fora de debates na TV
Agora com apenas três parlamentares (dois deputados e um senador) na Rede, Marina pode ficar de fora dos debates televisivos. Segundo a legislação, apenas os candidatos de partidos com pelo menos cinco congressistas têm participação obrigatória. A Rede tem até o dia 7 de abril, final do prazo da janela partidária para troca de legendas, para atrair pelo menos dois parlamentares.
A situação precária da Rede para a campanha, dizem pessoas próximas, é resultado de desorganização e ausência de pragmatismo por parte da pré-candidata. A “falta de tato político” de Marina é citada pelos que deixaram a Rede. Segundo eles, Marina vacila entre os deveres de uma presidenciável, como a necessidade de marcar posição sobre temas sensíveis, e a de liderança de um movimento social. Também é criticada por ter um tempo próprio — sempre longo — para tomar decisões e por cercar-se de de auxiliares que sempre concordam com suas posições.
A relação de Marina com os parlamentares começou a dar errado no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Enquanto os dois deputados que agora deixaram a sigla e o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, foram vozes ativas contra a saída da petista, Marina demorou quatro meses até contrariá-los e afirmar que era favorável ao processo. A declaração foi feita uma semana antes da votação na Câmara, após pelo menos seis meses de debates em Brasília
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Fonte: Dimitrius Dantas e Sérgio Roxo/O Globo
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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