Combate ao coronavírus é só o capítulo mais recente da disputa entre o presidente e os governadores do País; 'Bolsonaro não tem tido preocupação com a estrutura do sistema federativo', diz analista.
O combate ao coronavírus é só o capítulo mais recente da disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores do País. Antes de anunciar um pacote de R$ 88 bilhões para ajudar os Estados a combater a disseminação da doença, nesta segunda-feira, 23, Bolsonaro havia criticado os chefes dos Executivos que fecharam comércios e shoppings centers. Nos últimos meses, a discussão sobre o preço do combustível e a morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega fizeram os governadores e o presidente trocarem acusações.
A forma como Bolsonaro lida com os Executivos estaduais levou a uma coalizão inédita pelo menos desde a redemocratização: governadores de campos políticos opostos deixaram os interesses regionais divergentes temporariamente de lado para formar um bloco de pressão sobre o Palácio do Planalto.
"É a primeira vez que vejo isso desde a redemocratização", afirma o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo. "Houve discussões, conflitos de opiniões, mas nunca uma tensão desta forma.” Para o professor, os embates com governadores são resultado de uma escolha que Bolsonaro fez ao assumir a Presidência: governar para os seus, mirando a reeleição em 2022. 'Assim, ele não tem tido preocupação com a estrutura do sistema federativo, em que a União deveria atuar em cooperação com os Estados”, disse.
Em uma das frentes, os consórcios regionais têm sido usados pelos governadores como estratégia de marcar posição e cobrar ações do governo federal. Em outra, 21 dos 27 governadores presentes em um grupo de WhatsApp chamado Fórum Brasil têm mantido um discurso coeso em relação a Bolsonaro. Nesta terça, 24, o Estado mostrou que em diversos grupos de WhatsApp os chefes de Executivos têm trocado mensagens sobre como agir na crise do coronavírus praticamente ignorando o presidente.
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Fonte: Matheus Lara e Pedro Venceslau/O Estado de São Paulo
Foto: Nelson Almeida/AFP
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