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sábado, 28 de março de 2020

ARGENTINA É ELOGIADA POR SACRIFICAR ECONOMIA NO COMBATE AO VÍRUS

Na América Latina, onde um grande número de pessoas depende da economia informal para sobreviver, não há boas opções para os líderes.

Quando Alberto Fernández visitou o México em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu a presidência da Argentina, disse que os dois países enfrentariam o “desafio da globalização” juntos.
Menos de cinco meses depois, as respectivas posturas de Fernández e do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, no combate à pandemia de coronavírus não poderiam ser mais diferentes.
Enquanto só agora o líder mexicano tenha decidido instar os cidadãos a ficar em casa – depois de incentivá-los a comer fora para apoiar a economia local -, a Argentina paralisou a vida social e impôs uma rígida política de quarentena há uma semana, mesmo sob o risco de afetar desproporcionalmente os meios de subsistência da base de eleitores de Fernández, de classe média baixa.
A chave para essa decisão foi a mudança de surto para pandemia e conversas com líderes no centro do combate à doença, disseram pessoas a par da estratégia.
“A escolha é cuidar da economia ou cuidar da vida”, afirmou Fernández na quarta-feira. “Eu escolhi cuidar da vida.”
Na América Latina, onde um grande número de pessoas depende da economia informal para sobreviver, não há boas opções para os líderes. A decisão de Fernández de ir com tudo para combater o Covid-19 se destaca não apenas por seu contraste com o México, mas também com o Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro tem subestimado os riscos e entrado em confronto com governadores que tomam medidas rigorosas para conter a propagação.
Momento decisivo
“Este é um momento de decisivo para Alberto Fernández mostrar que está no controle e liderando o país”, disse Jimena Blanco, chefe de pesquisa política da América Latina da consultoria Verisk Maplecroft. “O pior cenário é obter uma resposta desordenada, ou nenhuma resposta, que é o que estamos vendo no México e no Brasil.”
A decisão de Fernández de colocar o país em quarentena foi profundamente influenciada pelo anúncio da Organização Mundial da Saúde, em de 11 de março, de que o surto de coronavírus havia se tornado pandemia, segundo uma autoridade do governo. A médica Maureen Birmingham, representante da OMS na Argentina, está em constante contato com autoridades e com o próprio Fernández.
Essa decisão foi reforçada quando o presidente argentino viu os casos aumentarem rapidamente na Itália e na Espanha – dois países de onde vêm muitos ancestrais argentinos. Antes de anunciar o bloqueio, Fernández conversou com os primeiros-ministros italiano e espanhol, Giuseppe Conte e Pedro Sánchez, para ouvir suas experiências, disse a autoridade. Fernández fortaleceu os laços com os dois líderes depois de visitá-los no início deste ano. O presidente do México, por outro lado, é notoriamente relutante em viajar ao exterior.

Fonte: Patrick Gillespie e Jorgelina do Rosario - Bloomberg News/Exame
Foto: Bloomberg

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