Apesar de conservador, o democrata Joe Biden tem chance de fazer um governo mais progressista do que o de Barack Obama, do qual foi vice-presidente entre 2009 e 2017. A posse de Biden é uma boa notícia para o Brasil, onde está em curso um projeto de selvageria política, econômica e social.
Com o governo Biden, serão fortalecidas as condições políticas para a queda de Jair Bolsonaro, seja via impeachment, caminho hoje menos provável, seja por meio de derrota eleitoral em 2022, cenário que parece mais realista diante da omissão de nossas instituições em relação aos crimes de responsabilidade do presidente da República.
Nos Estados Unidos (EUA), a radicalização política de parcela branca e religiosa será um obstáculo para Biden. É fato que existem divisões marcantes na sociedade e intramuros nos partidos, especialmente no Republicano. Mas o perfil conciliador e a experiência de décadas no Congresso fazem de Biden a pessoa certa no lugar certo, e na hora certa.
Obama começou a governar em 2009 com maiorias na Câmara e no Senado. Biden também larga contando com apoio da maior parte nas duas Casas do Congresso. Além disso, o presidente eleito possui condições políticas mais favoráveis do que o antigo chefe e conhece o caminho das pedras dos bastidores políticos de Washington.
Quando perdeu maioria no Congresso, Obama teve dificuldades para governar. A vitória de Trump em 2016 sobre Hillary Clinton refletiu uma reação da sociedade americana contra o primeiro presidente negro de sua história. Obama terminou a sua administração com o sentimento de que poderia ter avançado mais. Com Biden, a história poderá ser diferente. O moderado tem boa chance de ir além do progressista.
Primeiro trabalho é reparar danos causados por Trump
A pandemia de coronavírus, fundamental para enfraquecer Trump e ajudar Biden a se eleger, expôs falhas de uma economia cada vez mais desigual na terra das oportunidades e dos livres. Caro e elitista, o sistema de saúde americano é uma piada. Com um ministério diverso e que honra compromissos com conservadores, moderados e progressistas do Partido Democrata, Biden terá espaço político para tentar implementar um programa de governo que é comparado na imprensa americana ao de Franklin Delano Roosevelt, presidente durante a Segunda Guerra Mundial.
Outra dificuldade que, no fundo, é uma oportunidade: Biden assume uma terra arrasada por Donald Trump. A divisão da sociedade americana chegou a um ponto de exaustão, o que facilita o discurso sincero de união feito pelo novo presidente dos EUA. Há um desejo por normalidade no exercício do poder.
Na largada, Biden deverá editar um pacote de ordens executivas, similares às medidas provisórias do Brasil, para desfazer uma série de políticas públicas regressivas dos quatro anos de Trump. Ele pretende cumprir compromissos com segmentos do eleitorado fundamentais para a sua vitória (mulheres, negros e jovens) e estabelecer um salário mínimo nacional de 15 dólares por hora. Está comprometido com uma agenda de transição para uma economia mais sustentável. Adotará estratégia mais sofisticada em relação à China, com menos conflito e mais negociação, o que deve ter efeitos positivos para o comércio global e, por consequência, para o Brasil.
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Fonte: Kennedy Alencar/UOL
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP


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