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terça-feira, 28 de julho de 2020

ISOLAMENTO REDUZ TAXA DE TRANSMISSÃO DO CORONAVÍRUS NO BRASIL PELA METADE, DIZ ESTUDO PUBLICADO NA REVISTA SCIENCE

Isolamento reduziu taxa de transmissão do coronavírus no Brasil pela metade, diz estudo publicado na revista Science

O isolamento social, adotado no Brasil desde março, conseguiu reduzir pela metade a taxa de transmissão do coronavírus, de três para 1,6 contaminados, segundo estudo liderado por pesquisadores brasileiros e coordenado pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde). Ou seja, se não fossem adotadas quarentenas e outras medidas de distanciamento social, cada pessoa infectada continuaria a contaminar mais três.
O estudo, publicado na edição da revista Science de 23 de julho, foi detalhado pelo jornal da USP, que entrevistou os principais cientistas envolvidos no trabalho. De acordo com as informações, a pesquisa teve como base análises genéticas feitas a partir do primeiro sentenciamento genético do coronavírus no Brasil, concluído em fevereiro passado. Também foram analisados dados epidemiológicos e de mobilidade dos brasileiros.
Os cientistas identificaram mais de 100 entradas do vírus no país, mas apenas três delas iniciaram a cadeia de transmissão. A maioria das pessoas que trouxeram o coronavírus para o Brasil desembarcou nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte, onde ficam os aeroportos com mais vôos internacionais.
No total foram identificados 18 subtipos (linhagens) diferentes do vírus em amostras coletadas de março até o fim de abril. No entanto, 76% dos vírus que se dispersaram a partir de março pertenciam a apenas três linhagens, chamadas de “clados”. No total foram coletadas amostras do coronavírus em 85 municípios de 21 estados brasileiros, resultando no sequenciamento de 427 genomas do vírus SARS-CoV-2
O pesquisador Darlan Cândido, da Universidade de Oxford, primeiro autor do estudo, explica que o trabalho permite reconstruir – e acompanhar – a história da epidemia no país
– A análise permite fazer isso tanto no tempo quanto no espaço, ou seja, quando o vírus chegou e onde se espalhou – afirmou o cientista ao jornal da USP.
A professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) da USP, que participou do primeiro sequenciamento genético do vírus no Brasil e é uma das participantes do estudo, afirmou que trata-se de um trabalho de vigilância contínua, para acompanhar a evolução e a dispersão do coronavírus.
O pesquisador William Marciel de Souza, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), um dos autores do artigo, afirmou que foi possível verificar o impacto das medidas de intervenção não farmacêutica, como isolamento e distanciamento social, com fechamento de escolas, comércio e redução da mobilidade no controle da epidemia no país.
Das três linhagens que se disseminaram no Brasil, duas entraram pela região Sudeste. Uma delas predomina em São Paulo a outra se espalhou pelo país inteiro, segundo a pesquisadora Ingra Morales Claro, pesquisadora do IMT e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), outra integrante do grupo. A terceira linhagem entrou e se disseminou pelo Ceará.
–O vírus do primeiro sequenciamento, por exemplo, não foi responsável pela epidemia, ou seja, a transmissão não aconteceu a partir do primeiro caso descrito — disse Ester ao jornal da USP.
Os cientistas descobriram que o espalhamento do vírus ocorreu antes das medidas que começaram a reduzir a mobilidade dentro do país. Segundo Ester, isso significa que a ausência das restrições de movimentação e aglomerações pode ter facilitado a transmissão.
A professora Ester explica que, no início da pandemia no Brasil, cada pessoa infectada transmitiu o vírus para mais três, uma quantidade de contaminados superior à média registrada na Europa no auge da epidemia. Embora a taxa tenha sido reduzida, ela afirma que o cenário ideal seria que a taxa fosse reduzida para menos de 1. Com o cenário atual, a epidemia permanece crônica, avalia.
A maior parte das amostras analisadas na pesquisa é do estado de São Paulo, o local com maior número de casos de Covid-19 no Brasil até o momento, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Ceará.

Fonte: Política em Foco

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