No país, políticos isolam corrupção. Vide o Mensalão e a Lava-Jato.
O escândalo* envolvendo a “rachadinha” no gabinete do então vereador Flavio Bolsonaro tem vários ingredientes simbólicos –dos mais óbvios aos mais intrincados. O elementar revela uma trincada no discurso do presidente Jair Bolsonaro de intolerância com a corrupção. O que os investigadores levantaram até aqui arranca o véu da “pureza” do filho 01.
Aspectos mais complexos envolvem a resposta dos envolvidos no caso, como investigadores, juízes e congressistas. Parece cada vez mais inevitável –a partir do desenvolvimento da investigação– que o senador tenha 1 encontro marcado com tribunais superiores e com colegas no Legislativo. A extensão da crise atinge Bolsonaro, por óbvio. Mas será que o eleitor-raiz do capitão reformado vai abandoná-lo?
A resposta –a partir da experiência das gestões do petista Luiz Inácio Lula da Silva– é não. Uma coisa é o eleitor do presidente ficar mais constrangido com o voto. O escândalo pode enredar o presidente, até porque tudo pode na política, que tem movimentos influenciados por popularidade e economia. Mas é sempre bom lembrar que políticos de várias cores partidárias conseguiram isolar casos de suspeita de corrupção das urnas.
LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO
Vide o Mensalão ou até mesmo as primeiras denúncias da Lava-Jato. Por mais desgaste que denúncias de corrupção possam trazer para políticos, a inviabilidade eleitoral se dá a partir de uma série de fatores. Sem menosprezar a sanha dos investigadores da Lava-Jato em relação a Lula, a queda de Dilma Rousseff se deu pela fragilidade política da petista no Congresso e pela impopularidade. A rejeição da ex-presidente pelos eleitores tem pouco a ver com as denúncias de corrupção no PT. (Aqui, vale uma análise futura e mais acurada sobre o caso Dilma).
A inviabilidade política de Lula veio a partir de decisões do Judiciário ou do Legislativo. Por maior que seja a rejeição ao petista, há 1 número infindável de eleitores que apoiariam o ex-presidente. O mesmo pode se dizer de Bolsonaro, por mais que a denúncia contra o filho Flavio o desgaste de imediato.
* Antes que 1 falso debate se inicie sobre o uso da expressão “escândalo”, é necessário dizer que há poucos casos políticos no país que possa ser tratado dessa maneira. O sociólogo John Brookshire Thompson, no livro “O escândalo político: poder e visibilidade“, que o diga.
Fonte: Leonardo Cavalcanti/Poder 360
Foto: Sérgio Lima/Poder 360
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