De passagem por Boa Vista, Michel Temer falou pelos cotovelos. Foi à capital de Roraima atraído pelo drama dos refugiados venezuelanos. Mas enganchou em sua prosa os autoelogios usuais, realçando o caráter reformista de sua administração.
De repente, em meio a uma entrevista, Temer foi abalroado por uma pergunta sobre o diretor-geral da Polícia Federal: Fernando Segovia ainda tem condições de permanecer no cargo? O presidente deu a conversa por encerrada. Os repórteres insistiram. Temer apenas sorriu, acenou e se foi.
Segovia não virou uma interrogação de graça. O personagem voltou às manchetes depois de insinuar à Reuters que o inquérito sobre portos, estrelado por Temer, se encaminha para o arquivo. Tornou-se uma pauta obrigatória dos jornalistas ao deixar no ar a impressão de que o delegado responsável pela investigação, Cleyber Lopes, pode ser repreendido e até suspenso de suas funções.
Temer não tem nada a dizer. O diabo é que, em casos assim, nada significa tudo. O silêncio do presidente, por eloquente, fala por si. Mas não precisava sorrir. Sobretudo agora que a corrupção, já diagnosticada pela Lava Jato como uma cleptomania, atingiu o seu ápice. Desapareceu até o faro do detetive que comanda a Polícia Federal.
Numa hora dessas, o ideal do brasileiro é que até a hiena pense dez vezes antes de soltar um sorriso na cara dos outros.
Fonte: Josias de Souza/UOL
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