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sábado, 4 de dezembro de 2021

POBREZA LEVA CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARA TRABALHO INFORMAL E EVASÃO ESCOLAR

Crise econômica e dificuldades do esquema híbrido prejudicam retomada presencial; conheça histórias de sala de aula e de quem escapou dela

“Todos os alunos querem trabalhar, porque para eles é mais importante que a escola. Trabalho põe comida na mesa.” A professora Cátia (nome fictício) leciona há 12 anos em um Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Ela viu o número de alunos de suas turmas diminuir com a volta às aulas presenciais.
Um dos motivos observados por Cátia – que pediu para não se identificar para não expor os estudantes – e por outros professores ouvidos pela reportagem da CNN é que o trabalho de crianças e adolescentes provocou aumento da evasão escolar e piora no desempenho dos alunos.

A pandemia da Covid-19 acentuou a pobreza de milhões de famílias e o principal sintoma dessa situação de vulnerabilidade é a fome. Crianças e principalmente adolescentes passaram a trabalhar para aumentar a renda da família, ou mesmo serem os provedores da casa.

“Ano passado já vimos isso, mas agora agravou. Antes quem trabalhava ainda tentava conciliar com as aulas on-line. Hoje a preocupação maior é com o trabalho”, afirmou a educadora.

Os professores observaram que esses alunos não trabalham de forma regular, como em programas como o Jovem Aprendiz, mas sim em serviços informais.
São ajudantes de diversas atividades, entre elas, a construção civil; vendedores nos sinais de trânsito e trens; entregadores de aplicativos, guardadores de carros, catadores, entre outros ofícios.

Estudante do oitavo ano de uma escola da rede municipal, Lidiane não conseguiu acompanhar bem as aulas on-line durante a pandemia e não voltou dia 3 de novembro, quando começaram as aulas presenciais.
“Ela me ajuda muito e está fazendo os trabalhos da escola em casa, mas com sacrifício. Sente muita dificuldade porque não entende. Não quer voltar para a escola esse ano, diz que prefere repetir do que ficar sem saber as coisas. Quer voltar ano que vem”, diz a mãe Teresa (nome fictício).

Ela tem 38 anos, começou a trabalhar aos 11 e parou de estudar aos 17. “Trabalhava demais, não dava tempo de chegar na escola. Acabei  desistindo”.

Na casa da doméstica, a pandemia eliminou a carne das refeições. Mas Teresa diz que fez malabarismos para fazer com que o salário fosse o suficiente para pagar o aluguel e a comida na mesa.
“Passamos aperto, comemos pouco, porque as coisas aumentaram demais, mas fome não passamos”, explicou a doméstica.

Em relação a 2019, a evasão escolar de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos cresceu 171,1%, de acordo com os dados divulgados pela ONG Todos Pela Educação. Esse montante significa 244 meninos e meninas fora das escola, 1% do total desta faixa etária, a maior taxa nos últimos seis anos.

Levantamento do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, de 2019 mostra que 1,1 milhão de crianças e adolescentes estavam fora da escola.

Por meio de nota, o Ministério da Cidadania informou que trabalha  para fortalecer os programas sociais e estabelecer uma rede de proteção para a população vulnerável. “É compromisso desta gestão ampliar o alcance das políticas socioassistenciais e atingir, com maior eficácia, a missão de superar a pobreza e minimizar os efeitos da desigualdade socioeconômica”, diz o comunicado.

Entre os programas de transferência de renda para prevenção do trabalho infantil, o órgão citou o Criança Feliz, que, segundo a pasta, desde janeiro de 2019, repassou R$ 861 milhões para famílias, atingindo 298 mil gestantes e um 1,1 milhão de crianças. O ministério também informou que em novembro foi pago o Auxílio Brasil a 14,5 milhões de famílias de todo o país com um montante de R$ 3,5 bilhões.

Fonte: CNN
Foto Getty Images

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