O número de leitos críticos para tratamento da covid-19 no Rio Grande do Norte foi reduzido pela metade em praticamente seis meses, de acordo com dados da plataforma Regula RN.
O número de instalações chegou a 415 em junho deste ano, mas parte dessa estrutura foi revertida para leitos gerais, enquanto outra parte foi desativada. Atualmente, a rede pública conta com 170 leitos para tratar casos graves da doença. Em comparação a junho, a redução é de 59%.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), cerca de 100 leitos passaram por reversão. A pasta informou, no entanto, não ter ciência de quantas instalações foram encerradas. A maioria das desativações aconteceu em contratos privados, feitos por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), conforme explicou a Sesap, que alega um alto custo para manter as instalações, especialmente porque elas estavam ociosas.
Atualmente, além dos 170 leitos críticos, o Estado possui 146 instalações clínicas para tratamento da covid-19, totalizando 316 leitos. Segundo a Sesap, esse quantitativo deve ser mantido para 2022. “A reversão e o encerramento de leitos aconteceram devido à baixa taxa de ocupação da doença no Rio Grande do Norte”, esclareceu a pasta.
Questionada se existe a possibilidade de que os leitos revertidos ou encerrados voltem a ser utilizados para tratar a covid-19, caso haja necessidade, a pasta informou: “Os leitos que eram para ser revertidos, já foram. Hoje observamos a taxa de ocupação e, semanalmente, existe um acompanhamento com uma equipe formada para analisar cada situação. Se houver a necessidade de fazer novos contratos para atender à demanda, isso será feito”.
Segundo dados da plataforma Coronavírus, do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN (LAIS/UFRN), os casos confirmados de coronavírus voltaram a crescer em outubro, após quatro meses de queda. Foram 6.145 confirmações, ante 2.512 de setembro (aumento de 144%). Em novembro, os casos confirmados ficaram estáveis em relação a outubro: 6.120 (redução de 0,40%).
Os óbitos de novembro também apontam para um cenário de atenção no que diz respeito ao controle da pandemia: foram registradas 98 mortes, segundo a plataforma do LAIS, quatro a menos do que a soma dos meses de setembro (49) e outubro (53), que totaliza 102 óbitos.
O médico epidemiologista e pesquisador da Escola Pública de Saúde do RN, Ion de Andrade, afirma que a manutenção dos leitos deve ser adequada ao 'movimento' da pandemia. “Para que esses leitos sejam mantidos, é preciso ter profissionais de plantão e uma logística instalada que precisa ser paga. Portanto, mesmo parada uma UTI produz gastos. Não seria correto, sobretudo, com os recursos públicos, que esses leitos ficassem ociosos. A desmobilização dos leitos é correta”, atesta o epidemiologista.
Questionado se reverter os leitos seria mais interessante do que encerrá-los, Ion de Andrade afirma: “A permanência de muitos desses leitos como um legado da pandemia seria bastante produtiva”.
O diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, disse que é importante o Sistema Único de Saúde do RN manter o maior número de leitos possível”, e destacou que, para isso, é preciso uma pactuação, no âmbito da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB).
“São leitos que ajudam a melhorar, inclusive, o fluxo das demandas de leitos gerais que o Estado precisa bastante”, afirmou Valentim. Para ele, havia muitos leitos ociosos em razão da baixa demanda por internação, provocada pela melhoria do cenário pandêmico no RN. A reversão, que ocorreu com cerca de 100 instalações, foi acertada, segundo ele.
“Não faz sentido esses leitos estarem disponível para a covid-19. O aumento considerável das instalações se deu por causa da segunda onda, que exigiu do Estado e dos municípios uma disponibilidade maior da oferta de leitos”, indica o especialista.
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Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis
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