Desde novembro, 114 pesquisadores das áreas de matemática, física, química e engenharias pediram demissão do órgão
Trinta e quatro pesquisadores que atuam na avaliação da área de engenharias da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), vinculada ao MEC (Ministério da Educação), abandonaram o cargo nesta terça-feira (7).
Eles não são servidores da Capes, mas colaboradores eleitos para a Avaliação Quadrienal dos programas de pós-graduação oferecidos entre 2017 e 2020. Os coordenadores da área de avaliação foram eleitos em setembro deste ano pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior.
Esses pesquisadores se juntam aos cientistas que renunciaram coletivamente em novembro e dezembro: 52 das áreas de matemática e física, e 28 da área de química. Ao todo, já são 114 demissões.
Na carta de renúncia, os pesquisadores reforçam as críticas feitas anteriormente por colegas e justificam que não há condições de produzir a avaliação dos programas de pós-graduação com a qualidade necessária.
Na quinta-feira (2), a Justiça atendeu ao recurso movido pela AGU (Advocacia-Geral da União) e determinou a retomada da avaliação, mas restringiu a divulgação de seus resultados, o que foi reprovado pelo grupo de pesquisadores que pediram demissão.
Os pesquisadores também criticam a presidência do órgão, que, segundo eles, não tem se esforçado para defender a avaliação quadrienal da pós-graduação.
O que diz a Capes
Em nota, a Capes minimizou a demissão coletiva e disse que o desligamento envolve apenas 4 das 49 áreas de avaliação. "A instituição tem sido vítima de narrativas que omitem fatos ou lhes dão conotação que não correspondem à realidade", argumentou.
"Sobre a suspensão da divulgação dos resultados da avaliação, a Capes está esclarecendo o procedimento e prestando as informações necessárias às questões levadas ao poder Judiciário e a intenção é obter, sim, autorização para a divulgação dos resultados", disse a instituição.
A presidente do órgão, Cláudia Queda de Toledo, se manifestou publicamente quando o primeiro grupo de cientistas pediu demissão e fez um apelo aos coordenadores para que continuassem colaborando com a instituição.
"Todos são essenciais ao sistema e este é um momento em que devemos abrir o sistema e, ao mesmo tempo, lutar pela retomada da avaliação", comentou Cláudia Toledo. A Capes conta com 49 coordenadores e 4,5 mil consultores na área de avaliações.
Desmonte da Capes
Na última sexta-feira (3), o Ministério Público pediu investigação sobre as "motivações relacionadas ao suposto desmonte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior".
No texto, assinado pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, é solicitado que o TCU (Tribunal de Contas da União) apure os impactos que poderão ocorrer para a formulação de políticas públicas na pós-graduação diante da saída dos pesquisadores.
Fonte: R7
Foto: Reprodução
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.