Equipe de Guedes resiste à iniciativa por criar gastos e não prever novas vagas para alunos
A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu vetar o projeto patrocinado pelo MEC (Ministério da Educação) para criar universidades e institutos federais a partir do desmembramento de campi já em funcionamento.
A área econômica resiste à iniciativa por causa do aumento de gastos sem que houvesse previsão de novas vagas para alunos. O plano abraçado pelo ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, surgiu para atender interesses de políticos do centrão, aliados do governo.
A ideia inicial era criar cinco universidades e cinco institutos técnicos federais a partir de unidades que já existem, conforme minuta de projeto obtida pela Folha. Isso significaria a criação de 2.912 cargos para comandar essas instituições novas que, na prática, já funcionam.
Esse inchaço da máquina pública viria com um crescimento de gastos, que podem chegar a R$ 500 milhões por ano, segundo estimativas do Ministério da Economia. O MEC projetou um impacto menor, de R$ 147 milhões ao ano.
Nenhuma quantia, entretanto, está prevista no projeto de Orçamento de 2022 enviado ao Congresso, e a depender da equipe de Guedes não estará na versão final da lei.
Questionado, o Ministério da Economia diz que o assunto continua em discussão na pasta, mas a negativa ao projeto do MEC foi confirmada à Folha por integrantes da pasta envolvidos nessa análise. Além disso, o próprio ministro da Educação tem falado a congressistas sobre a negativa formal que recebeu da área econômica.
O MEC foi procurado e não respondeu.
Segundo relatos, o MEC avisou à Economia que encaminharia nova proposta de texto que responda às críticas feitas pela equipe de Guedes. No entanto, nos bastidores, os técnicos da Economia que analisaram o projeto avaliam que os problemas apontados são incontornáveis.
Milton Ribeiro tem buscado apoio no Congresso para emplacar a proposta. Para ele, a mensagem de criação de unidades, mesmo que só no nome, seria uma pauta positiva para o governo e sua gestão em particular. O ministro falou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta semana.
As instituições que seriam desmembradas se posicionaram contrárias à iniciativa. A ideia não tem respaldo em projeto real de expansão com critérios acadêmicos.
No caso das universidades, a previsão, até outubro, era desmembrar campi em instituições no Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Espírito Santo e Piauí. O último estado é base eleitoral do líder do centrão e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).
Já nos institutos federais, novas unidades surgiriam a partir de divisões em São Paulo, Goiás e Paraná. Interlocutores apontam interesse eleitoral de políticos bolsonaristas, entre eles o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e o major Vitor Hugo (PSL-GO).
Fonte: Folha de SP
Foto: Folhapress
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