Declaração, que demonstra o desprezo do presidente com os mais pobres, explicita que o Auxílio Brasil tem apenas objetivos eleitoreiros
Em entrevista concedida nesta quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro deixou ainda mais claro que suas intenções com o “Auxílio Brasil“, pretenso substituto do Bolsa Família, são puramente eleitoreiras.
Durante participação no programa do ao apresentador Sikêra Jr, da TV A Crítica, Bolsonaro atacou os beneficiários do Bolsa Família ao comentar sobre a possível criação do Auxílio Brasil, tratando-os como incapazes. O presidente ainda classificou o pretendido auxílio temporário de R$400 como “um paliativo”, minimizando o impacto real que um programa robusto de transferência de renda, como o Bolsa Família, pode causar.
“Não tem como tirar o Bolsa Família do pessoal. São 17 milhões de pessoas que não tem mais como ir pro mercado de trabalho. Com todo respeito, não sabem fazer quase nada. O que a juventude aprendeu com 14 anos de PT?”, disse Bolsonaro em entrevista.
A declaração de Bolsonaro explicita que o objetivo central do “Auxílio Brasil” é apenas o de retirar de circulação um dos programas sociais mais importantes da história do Brasil, que foi formulado durante o governo do ex-presidente Lula.
Enquanto o Bolsa Família completa 18 anos de exitosa vigência, o governo pretende substituí-lo por um programa temporário que deve funcionar apenas até o fim de 2022, ano eleitoral.
Auxílio Brasil é uma “farsa”
O deputado federal e ex-ministro Patrus Ananias (PT-MG), responsável pela implantação do Bolsa Família em 2003 declarou durante entrevista ao Fórum Onze e Meia, em setembro, que o Auxílio Brasil “é uma farsa”.
“É uma farsa completa. Temos que primeiro falar sobre o Bolsa Família, que é uma experiência exitosa. Nós integramos o programa com outras políticas públicas, respeitando as características de cada uma para promover a vida, o bem comum, o desenvolvimento com justiça e inclusão social”, afirmou.
“Querem vincular com os precatórios, que são recursos destinados a quem o Estado deve”, advertiu. “Programas permanentes, como nós queremos que seja o Bolsa Família, tem que ter recursos do Estado, recursos orçamentários garantidos ano a ano e não por prazo determinado, com finalidades meramente eleitoreiras”, explicou.
Programa é inviável
A Frente Parlamentar Mista pela Renda Básica, composta por mais de 200 parlamentares de diferentes partidos e que tem o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) como seu presidente de honra, expressou preocupação com o “Auxílio Brasil”.
“É importante ressaltar que um dos grandes méritos do Bolsa Família é a focalização exclusiva no combate à fome e pobreza e promoção ao acesso de serviços públicos, o que garante a execução simplificada, com fácil monitoramento e capilaridade nas regiões mais remotas do país”, diz um trecho da nota.
“Por isso, vemos com grande preocupação a inclusão de benefícios como auxílios ao esporte escolar, iniciação científica e incentivos de inclusão produtiva ao Programa Bolsa Família. A iniciativa atual de agregar um número extremamente alto de benefícios que têm objetivos diversos complexifica o programa e o torna, segundo muitos especialistas, uma política que não conseguirá ser operacionalizada na sua integridade”, completam os parlamentares.
O grupo de parlamentares classifica a iniciativa, por conta de seu atrelamento a recursos precatórios para seu financiamento, de “irresponsável fiscal e socialmente”. Saiba mais aqui.
A bancada da Minoria na Câmara dos Deputados, composta pelos partidos de oposição PT, PDT, PSB, PCdoB, PSOL e Rede, publicou uma nota nesta terça-feira (26) se posicionando contra a PEC do Precatórios, que cria o Auxílio Brasil através de uma manobra orçamentária.
Fonte: Revista Forum
Foto: Reprodução
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