Trata-se de uma encrenca que é, desde então, do conhecimento de toda a cúpula do futebol e ameaça a permanência de Caboclo na presidência da entidade. O enredo da confusão reúne Caboclo, sua secretária particular, duas fitas gravadas de teor bombástico e uma série de negociações para abafar o caso.
O cartola teve várias conversas impróprias coma secretária, que trabalha há nove anos na CBF, onde começou como recepcionista. O tom de assédio sexual nas fitas é incontestável. Numa dessas fitas, por exemplo, Caboclo força uma dessas abordagens inadequadas. É um diálogo de doze minutos ocorrido há cerca de três meses no gabinete do presidente da CBF, no Rio de Janeiro.
Inicialmente, Caboclo relata fatos íntimos do seu próprio casamento, com um grau impressionante de franqueza. Neste instante, ela diz:
— Chefe, eu não vou entrar no assunto da vida sexual de vocês. Não sou a melhor conselheira.
Minutos depois, no trecho final da gravação, Caboclo pergunta a secretária, sem rodeios:
— Você se masturba?
A secretária responde:
— Eu estou ficando sem graça. Não quero falar disso.
Em seguida, ela diz que está na hora de aquela conversa terminar.
Esse diálogo foi gravado pela secretária. Nele, Caboclo fala com voz arrastada, com pausas longas. Ela em geral apenas responde com frases curtas, às vezes rindo do que ouve.
O outro diálogo gravado é mais longo, de cerca de 40 minutos, em que Caboclo faz investidas também de modo indevido. Segundo ela relatou a pessoas próximas, ela resolveu gravar o chefe porque não suportava mais ser assediada. Teria sido importunada diversas vezes nos últimos meses, de acordo com os mesmos relatos.
As duas conversas já foram ouvidas por quase todo — senão todo — o alto comando da CBF. Quando perguntados por mim na segunda semana de maio sobre as gravações, alguns desses cartolas optaram por dizer que tiveram ciência do caso, conheciam o teor dos diálogos apenas por informações de terceiros, mas que preferiram não ouvir as fitas.
Os dirigentes sabiam do tamanho do rolo desde o primeiro momento. Um caso de assédio sempre foi algo explosivo, mas nos últimos anos a força deste tipo de denúncia junto à opinião pública ganhou contornos de maior gravidade — mesmo num universo machista como o do futebol. Cinco meses atrás, Yves Jean-Bart, que ocupava a presidência da Federação de Futebol do Haiti, foi banido do futebol pela Fifa. Motivo: foi considerado culpado em vários casos de abuso sexual com jogadoras adolescentes.
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Fonte: Lauro Jardim/O Globo
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

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