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sexta-feira, 4 de junho de 2021

BRASIL TEM RECORDE DE TRABALHADORES HÁ MAIS DE DOIS ANOS DESEMPREGADOS

No início do ano passado, Marcelo Freitas Henrique, 29 anos, estava cheio de esperanças de que deixaria os quase três anos de desemprego para trás. Prestes a concluir um curso de organização de eventos e recreação, estava fazendo trabalhos temporários na área e esperava que a experiência abrisse caminhos rumo a uma vaga efetiva.

“Quando comecei o curso, em 2019, o setor estava no auge, eu tinha certeza que ia dar certo, mas veio a pandemia e ela [a empresa para quem prestou serviços] também parou. Parou tudo”, diz.

Ao todo, Henrique já está há quatro anos sem trabalho fixo, seja ele formal ou informal. Como ele, outros 3,487 milhões de brasileiros estão desocupados há pelo menos dois anos, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do primeiro trimestre de 2021.

O chamado desemprego de longa duração bateu recorde em meio à crise econômica gerada pela pandemia. Os quase 3,5 milhões de pessoas buscando vagas há dois anos ou mais representam o ponto mais alto da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012.

O recorde anterior havia sido registrado no segundo trimestre de 2019, quando 3,347 milhões de trabalhadores estavam desocupados havia pelo menos dois anos.

No patamar atual, quase um quarto (23,6%) dos 14,805 milhões de desempregados está nessa situação há mais de dois anos. Um ano antes, no começo de 2020, o Brasil tinha 3,075 milhões de pessoas em busca de emprego havia pelo menos dois anos. Isso quer dizer que, durante a pandemia, o grupo teve acréscimo de 412 mil profissionais, alta de 13,4%.

Para especialistas, o quadro é resultado de um mercado de trabalho que ainda não tinha se recuperado plenamente da crise anterior. Quando a pandemia começa, em março de 2020, o nível de emprego ainda estava em processo de melhora.

Para José Ronaldo Castro Júnior, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, a crise iniciada em 2015 chegou com mais força sobre o mercado de trabalho um ano depois. A recuperação, iniciada a partir de 2017, ainda não tinha sido suficiente para elevar o nível de emprego. “Houve uma melhora leve, mas ainda tinha um contingente muito grande de pessoas sem ocupação. Para um conjunto considerável de pessoas, isso [o início da pandemia] foi um prolongamento da crise anterior”, afirma.

É essa também a avaliação do economista Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). “O desemprego mais longo é resultado das duas últimas crises. A pandemia afetou diretamente o mercado de trabalho, mas já vínhamos em um momento que não era bom. Desde 2016, o Brasil tem mais de 11 milhões de desempregados [no total]”, diz.

“As pessoas que já tinham dificuldades para entrar no mercado ficaram com ainda mais dificuldades na pandemia.”

Para Tobler, o desemprego de longa duração é a fase mais crítica da desocupação. Ao ficar distante do mercado por muito tempo, o profissional tende a encontrar mais obstáculos para conseguir chamar a atenção em novos processos seletivos.

Marcelo Henrique queria trabalhar com eventos. Ele diz, porém, que, depois de quatro anos desempregado, aceita a vaga que aparecer.

“Trabalhei como operador de telemarketing por dois anos, então procuro nessa área. Só que, quando as pessoas veem meu currículo, acham ruim que eu não tenho outras experiências e estou sem nada há muito tempo, mas ninguém me contrata, como vou ter? Agora eu to atrás de qualquer coisa, faxina, gari, aceito tudo.”

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Fonte: FolhaPress/Blog do BG

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