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sábado, 26 de setembro de 2020

OS VELHOS ERAM OS OUTROS

Entre tantas pílulas, uma tem sido dourada para ser tomada quando a meia-idade passar. 
Apesar de muita teoria, definições e conceitos, o certo é que a velhice é mesmo um estado de espírito, com data de nascimento incerta.
A primeira grande aparição ocorre por volta dos sessenta anos quando o rebelde interno teima em não usufruir da legislação e abdica do direito de furar filas e estacionar em vagas reservadas. Traídos pelos cabelos grisalhos, rugas e pela insistência dos mais jovens que insistem em lembrar os privilégios etários, as primeiras vantagens passam a ser usufruídas. E entram na rotina e costume.
Logo chegam outras. Mais sedutoras e esperadas com certa ansiedade. Descontos nos cinema e teatros, gratuidade no transporte público, sempre requeridos com um misto de satisfação (no bolso) e melancólica sensação de não durar muito.
A chegada da provecta vem sempre acompanhada de sinais, antes que o mais instigante e ululante, apareça. A bengala e seu charme que vai evanescendo com o aumento da curvatura da coluna vertebral. Uma leitura de jornal e alguma ocorrência com um cidadão tipificado de ancião, a acareação com os próprios anos vividos a mais que o desafortunado, não deixa dúvida como é visto pelos mais novos.
O que já foi o marco zero da senectude, perdeu a referência, tantas exceções às regras e casos precoces por invalidez. 
A aposentadoria, violada pelas necessidades financeiras e adiada ou vilipendiada por outras atividades mais brandas, deixou de ser parâmetro de tempo. 
Os cuidados com o corpo, alimentação saudável e renúncia a alguns hábitos viciantes da juventude, mantêm a vida em movimento, só se rendendo aos indícios de demência que afirmam estudiosos, dobra de intensidade a cada cinco anos, a partir do 65°.
Somente para os que nasceram nos anos cinquenta, uma cruel constatação.
Companheiros, não adianta procurar argumentos. Nós já chegamos lá.
E se ainda restarem resistências à implacável verdade, comecem a observar o tratamento que recebem dos filhos.
Tentem lembrar como tratavam os pais quando já o consideravam velhos, incapazes de certos afazeres. Para a geração rock’n’roll, a pandemia está deixando outros legados.
A ampliação do conceito do ser idoso, baseada apenas na idade cronológica, da sexta década e a redução atroz da velhice extrema.
Enquanto não se confirma a polêmica hipótese que estamos em processo evolutivo de seleção natural, aos avós 2020, o revigorante e mágico elixir para ser tomado em doses cada vez maiores, continua sem prazo de validade.
Netos fazem muito bem à velhice. 

 Fonte: Domício Arruda - Território Livre/Tribuna do Norte


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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.