Investigação da Polícia Federal aponta que organização criminosa que atuava no Ceará cobrava propina de 12% para mediar repasses a prefeituras.
Além de emendas destinadas por Júnior Mano, o inquérito cita outros parlamentares como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) e Yuri do Paredão (MDB-CE). Nenhum dos três foi alvo da operação deflagrada nesta terça-feira, 9. Guimarães negou envolvimento no caso.
A investigação aponta que os recursos públicos teriam abastecido licitações fraudadas e sido usados em campanhas eleitorais de aliados de Júnior Mano que disputaram prefeituras no interior cearense neste ano.
De acordo com a PF, o parlamentar teria papel central no esquema, atuando tanto na compra de votos como no direcionamento de verbas desviadas para empresas ligadas ao grupo. A operação também mira Carlos Alberto Queiroz, o Bebeto, eleito prefeito de Choró (CE) em 2023, mas impedido de tomar posse por decisão da Justiça Eleitoral. Segundo os investigadores, ele operava o esquema e mantinha contato frequente com Júnior Mano. Mano nega qualquer envolvimento no episódio.
“Mensagens trocadas entre Carlos Alberto Queiroz (conhecido como Bebeto) e interlocutores ligados ao deputado, como ‘Adriano Escritório Junior Mano’, revelam que o grupo autorizava a destinação de emendas parlamentares, inclusive de terceiros, para prefeituras previamente cooptadas, mediante exigência de retorno financeiro na ordem de 12%. Tal percentual era tratado como ‘imposto’ ou ‘pedágio’ cobrado sobre os valores destinados, numa prática institucionalizada de corrupção”, aponta o relatório da Polícia Federal sobre a investigação.
Em nota oficial, o deputado negou “qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”. “Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”, informou sua assessoria.
Ainda conforme a investigação, Bebeto faz referência a uma emenda parlamentar atribuída a Guimarães que seria destinada para saúde e pavimentação.
“Em mensagem posterior, Bebeto afirma para Cleidiane Queiroz ter sido informado, por meio de áudios que atribui a Eunício Oliveira, de que Guimarães teria indicado R$ 2 milhões em emenda para o município de Choró, e que o próprio Eunício também teria destinado R$ 1 milhão para Canindé”, aponta a PF.
Fonte: Wilson Lima/O Antagonista
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

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