Avanço de estresse térmico pelo país impõe a garantia do conforto térmico como desafio urgente nas redes de ensino.
O vídeo, que viralizou nas redes na última semana, denuncia com bom humor o despreparo das escolas brasileiras para o estresse térmico, condição em que o calor é superior ao que o corpo humano pode suportar por pelo menos 25 dias no ano, um fenômeno que já atinge áreas onde vivem 38 milhões de brasileiros. E, nesse cenário, sete em cada dez salas de aula de unidades municipais e estaduais no país não são climatizadas, segundo o Censo Escolar de 2022.
— Essa foi uma ideia que surgiu do nada, em tom de brincadeira, mas querendo trazer esse assunto. A situação da nossa escola está bem precária. Ela foi construída em 1997 e, desde então, só teve ventiladores. Tem salas em que eles nem funcionam mais — conta Ana , aluna do Colégio Estadual Vicente José Vieira, em Barro do Ouro, Tocantins.
Entre as sete maiores cidades brasileiras que já vivem em estresse térmico (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Belém e Goiânia), somente três — as capitais fluminense, pernambucana e amazonense — possuem mais da metade das salas climatizadas.
Nas últimas duas semanas, o Brasil chegou a registrar temperatura de 43,5°C, em São Romão (MG), onde nenhuma sala de aula é climatizada. Professores e alunos vêm buscando soluções improvisadas. No Amazonas, estudantes de São Paulo de Olivença foram ter aula no quintal. Em Goiás, jovens levaram seu próprio ventilador para a sala de aula em Aparecida de Goiânia para se refrescarem. Escolas de Minas Gerais e do Piauí diminuíram o tempo de aula nos dias mais quentes. Já em Mogi Mirim, no interior de São Paulo, Flávia Alvarenga não mandou o filho para a escola um dia por causa do calor — na véspera, uma colega dele passou mal.
— O ventilador está quebrado e só fica parado para um lado. Então, tem briga dos alunos para ver quem vai sentar no vento — diz Alvarenga.
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Fonte: Bruno Alfano/O Globo
Foto: Brenno Carvalho
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