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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

NA CIDADE MENOS DIGITAL DO BRASIL, SOBRAM ELEITORES E FALTAM COMPUTADORES.

A tarde termina, a quentura dá uma trégua, e os moradores de Aroeiras do Itaim sentam na calçada para tomar a fresca. Nesse momento, o único que tem um notebook no colo é Jeová Moura, o farmacêutico da cidade cravada no sertão do Piauí, a 337 km de Teresina. "Esse é o melhor meio de comunicação que existe. Me informo sobre tudo por aqui", sentencia Jeová, usando o Wi-Fi e a senha cedidos pelo sindicato dos trabalhadores rurais, vizinho de sua farmácia. Ele é a exceção que comprova a regra.
Sua frase seria banal se não fosse pronunciada na cidade menos digital do país, com apenas 0,44% das casas dispondo de computador segundo o IBGE. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e seu Censo 2010, a localidade piauiense lidera o ranking nacional dos municípios com menor presença de computadores e acesso à internet.
Se faltam computadores, sobram eleitores na cidade. Aroeiras do Itaim tem 640 eleitores a mais que o total de seus habitantes. Isso mesmo: são 2.441 almas vivendo em seu território segundo o IBGE, mas 3.081 votantes têm domicílio eleitoral por lá segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No Estado, é campeã nessa disparidade. No Brasil, está na 19ª colocação (o primeiro lugar disparado é de Oliveira de Fátima, em Tocantins, onde os eleitores são quase o dobro dos moradores). Esse fenômeno se repete em 305 dos 5.570 municípios brasileiros e acontece em todas regiões do país.
"Em dia de eleição, vejo por aqui gente que nunca vi na vida", relata o desempregado Gilson Ignácio. "É uma multidão de gente. A cidade até lota", ecoa o comerciante Givaldo Santana. A placa na saída da cidade diz "Volte Sempre a Aroeiras do Itaim" e parece até uma mensagem direta para o bando que a cada dois anos aporta por ali no primeiro domingo de outubro para votar.
Emancipada da cidade de Picos em 2005, a cidade sofreu uma revisão de eleitores já em 2007. O primeiro prefeito, Gilmar de Deus, foi preso por desvio de verbas federais. Sobrinho dele, Wesley de Deus (PTB) se elegeu em 2012 por uma diferença de 51 votos e sofreu processo por compra de votos. No final, foi absolvido, mas ficam as suspeitas de transferência irregular de votantes.

Fonte: Rodrigo Bertolotto/http://eleicoes.uol.com.br/

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