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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

SARGENTO OSTENTAÇÃO TINHA GRUPO "COBRA JUROS" PARA AMEAÇAR DEVEDORES: "VOU TE ARRANCAR OS PEDAÇOS"

Organização criminosa de agiotas do Distrito Federal mantinha lista com contatos e quantias devidas de empréstimos; diálogos mostram coação a interlocutores

A quadrilha de agiotas capitaneada pelo sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Ronie Peter Fernandes da Silva e seu irmão Thiago Fernandes mantinha uma lista denominada "Cobra Juros" com dezenas de contatos e datas de vencimento das quantias devidas por eles à organização criminosa. Em um aplicativo de conversas, investigadores identificaram ainda mensagens com ameaças de morte.

Alguns dos diálogos constam em decisão, à qual o GLOBO teve acesso, em que a Justiça do DF acatou o pedido de prisão preventiva para o sargento e seu irmão. Detidos em operação que desarticulou a quadrilha na semana passada, os dois tiveram a prisão temporária convertida na última sexta-feira. Ronie está detido em um batalhão da PMDF, no Complexo da Papuda.

Em uma das conversas, analisada pela Polícia Civil, Ronie ameaça seu interlocutor de morte e afirma que vai "arrancar seu olhos na mordida" e "te arrancar os pedaços".

"O Ali quer te matar também, você achou que eu não ia, eu vou atrás de tudo, de tudo, até onde você dorme aí na casa da Mari eu fui para dar o bote e você não tá na P2 não, eu vou te achar seu filha da puta e se ela tiver junto vai sobrar pra ela também, você tá sumido, eu vou te achar seu filho da puta, rouba um, ou vai pro quarto e se mata. Eu vou morder seu olho, vou arrancar seu olho na mordida, não vou só te espancar não, vou te arrancar os pedaços", diz a mensagem.

Em outro diálogo, irritado pelo inadimplemento de um de seus devedores, o sargento da PM diz: "Vou aí pra matar o Diego Eugênio". As mensagens também sugerem que Thiago é o último recurso de Ronie para obter o dinheiro emprestado. O policial ainda afirma, nas conversas, que seu irmão é "ignorante", indicando que ele seria a pessoa mais violenta da organização, segundo os investigadores.

"Você não respeita, me pediu quinze dias que ficou trabalhando e vai contar com o cara?! Eu vou com o Thiago daqui a pouco aí, porque eu não tô aguentando não, é complicado viu?! Fico passando isso aí, você já viu como é que eu sou. E essa história de esperar negócio dos outros é complicado", diz em um dos trechos destacados pela decisão.

As mensagens foram usadas pelo juiz Paulo Afonso Correia Lima Siqueira para justificar a prisão preventiva. Em sua decisão, ele argumenta que a medida serve para garantir a ordem pública e afirma que há indícios suficientes da autoria e da materialidade dos crimes imputados ao sargento e a seu irmão.

"Os crimes investigados revelam-se, por si sós, como fatores suficientes ao abalo à ordem pública, quer pela sobremaneira gravidade dos fatos, quer pela possibilidade de haver reiteração delitiva em caso de eventual soltura dos irmãos Ronie Peter e Thiago", escreveu o magistrado. "Consoante narrado em sede investigativa, os indiciados, ora representados, vêm atuando com grande poder sobre os seus devedores impelindo-os a realizarem o pagamento das dívidas sobre grave ameaça, quiçá já não exerceram de violência para obter os valores acordados de forma desarrazoada", emenda.

Fonte: O Globo
Foto: Reprodução

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