O dinheiro público não perde apenas quando é desviado por gestores corruptos. Esse dinheiro se perde também quando é aplicado em obras que "nunca" são colocadas à disposição da população. Encontrar obras paradas, abandonadas ou muito atrasadas não é uma tarefa muito difícil no Rio Grande do Norte. Muito pelo contrário, basta visitar os municípios para encontrar o dinheiro público "encalhado".
Magno Alves.
A reportagem pegou a estrada e visitou cinco municípios Itajá, Assú, Carnaubais, Areia Branca, Porto do Mangue e Upanema e, não por acaso, encontrou esse tipo de problema em todos eles.
Em Itajá, cidade de 6.952 habitantes, estão paralisadas as obras de construção da praça de eventos e também de uma quadra de esportes na Escola Municipal Libânia Lopes Pessoa. As obras acabaram deixando a população no prejuízo. A construção da praça de eventos está longe de ser concluída. Umas das poucas coisas feitas é parte do palco.
Sentado em uma calçada, o estudante da Escola Municipal Libânia Lopes, Oziel de Souza, 13 anos, lembra que brincava com os colegas na antiga quadra da escola, que foi destruída para a construção da nova quadra. Mas a obra parou nas pequenas arquibancadas. A quadra em si ainda não recebeu um quilo de cimento ou outro material qualquer. A diretora da escola, Aparecida Medeiros, relata que não tem como oferecer esporte aos estudantes, que têm que usar o ginásio municipal.
A reportagem deixou Itajá e seguiu para Assú, 53.245 habitantes, onde encontrou mais uma obra parada. Desta vez de uma creche. No local, não existia qualquer sinal de trabalhadores e a quantidade de mato cercando a obra denunciava que ali, há tempos, não se mexe com uma pá. Em Areia Branca, 25.263 habitantes, o problema é ainda mais sério, pois a obra paralisada é do único hospital da cidade. A reforma e ampliação do Hospital Sara Kubitschek empacou e durante a visita da reportagem não existia uma única pessoa no local para dar qualquer informação. Uma placa encravada em frente ao hospital informa que a obra deveria ser entregue em seis meses.
Em Upanema, 12.985 habitantes, a reportagem encontrou duas obras com problemas, uma ao lado da outra. A construção de uma creche anda a passos lentos e já passou do prazo de entrega, 3 de abril passado, enquanto que a obra do complexo cultural está totalmente parada. Essas duas obras são as mais caras encontradas pela reportagem, totalizando mais de R$ 2,3 milhões.
A reportagem encontrou problemas também em Carnaubais, 9.975 habitantes, Porto do Mangue, 5.217 habitantes, e até em Mossoró, 259.886 habitantes, seu ponto de partida e chegada.
Um grande número de obras paradas que afetam diretamente a vida da população. A mãe que está sem a creche para deixar o seu filho, a criança que não tem onde jogar bola e todo o povo que não tem para onde ir quando apresenta um problema de saúde, pois o hospital está fechado. Esse é um cenário de apenas sete municípios, mas que dá uma dimensão de uma realidade vivenciada em todas as cidades do RN.
Fonte: Magnos Alves/Jornal De Fato
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