O dinheiro, segundo o delator, começou a ser entregue em 2003, logo após a campanha contra o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso conhecido como ‘mensalão’, e o esquema teria continuado até 2017.
O enfrentamento que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as Organizações Globo têm protagonizado ganhou agora, com a escalada no volume de denúncias de parte a parte, mais uma etapa com a divulgação de delações premiadas no programa dominical da Rede Record, aliada do mandatário neofascista na guerra contra o grupo da mídia de ultradireita mais influente do país.
A Globo tem divulgado uma série de matérias que caracterizam Bolsonaro como o genocida que instituições da sociedade civil organizada denunciaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede na Holanda, tanto em face dos incêndios criminosos na Amazônia e no Pantanal; quanto pela gestão de seu governo na luta contra o novo coronavírus e a pandemia, em curso.
“A família Marinho (Globo), por décadas, no topo da cadeia alimentar da corrupção”, escreveu Bolsonaro na página de uma rede social, nesta segunda-feira, ao comentar a reportagem da noite anterior. No programa, apresentado por dois ex-funcionários da emissora com sede no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio – recém-contratados pela adversária, cuja dona é a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) –, o doleiro Cláudio Barbosa, também conhecido como Tony, denuncia a entrega, em dinheiro vivo, de mais de US$ 20 milhões aos herdeiros do jornalista Roberto Marinho, fundador da Rede Globo.
Lista de clientes
O dinheiro, segundo o delator, começou a ser entregue em 2003, logo após a campanha contra o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso conhecido como ‘mensalão’, e o esquema teria continuado até 2017. Segundo o doleiro, os maços de dólares eram entregues em um dos escritórios da TV Globo. Na delação à Polícia Federal (PF), Tony revela ainda que, a partir de 2013, as entregas passaram a ser na casa de José Aleixo, ex-diretor financeiro da empresa, em São Conrado. Em cinco anos, ele calcula que foram entregues entre US$ 15 a US$ 20 milhões para a família Marinho.
Cláudio Barbosa foi preso em 2017, no âmbito da Operação Lava Jato e condenado por sonegação de impostos, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Além dos irmãos Marinho, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e executivos da Odebrecht figuravam na lista de clientes.
Segundo Messer, “a entrega dos pacotes de dinheiro acontecia dentro da sede da Rede Globo, no Jardim Botânico”, e “os destinatários do dinheiro seriam os irmãos Roberto Irineu (Presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo) e João Roberto Marinho (vice-presidente do Grupo Globo)”. Na delação, Messer também detalhou que “a pessoa que recebia o dinheiro na Globo era um funcionário identificado por ele como José Aleixo”.
Outros processos
Em nenhum momento, a família Marinho explicou a movimentação de recursos no exterior. Apenas liberou uma nota, nesta segunda-feira, na qual nega qualquer ligação com Dario Messer e as quantias milionárias, em moeda estrangeira, que teriam chegado à sede da emissora. Com a morte de Aleixo, em 2018, vítima de um enfarto fulminante em casa, uma ponta importante do suposto esquema morreu também, embora a PF busque novos caminhos para provar as acusações.
Este, no entanto, não é o primeiro processo por sonegação de impostos que a Rede Globo responde, judicialmente. Outra denúncia, divulgada no Correio do Brasil, “um dos processos resultou numa cobrança superior a R$ 600 milhões — R$ 183 milhões de imposto devido, R$ 157 milhões de juros e R$ 274 milhões em multas, conforme consta do Processo Administrativo Fiscal de número 18471.000858/2006-97, sob responsabilidade do auditor Alberto Sodré Zile.
Como ele constatou crime contra a ordem tributária, pelo menos em tese, abriu a Representação Fiscal para Fins Penais sob o número 18471.001126/2006-14.
Fonte: Correio do Brasil
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