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RN POLITICA EM DIA 2012 ENTREVISTA:

sexta-feira, 31 de julho de 2020

O VALE-TUDO BOLSONARISTA CONTRA FELIPE NETO

Após aparecer no site do “The New York Times”, youtuber vira o maior alvo da máquina de difamação e se torna o principal assunto das redes.

É guerra total. De um lado, a estrutura de espalhar fake news de forças ligadas ao bolsonarismo. De outro, Felipe Neto, um youtuber dono de um canal com 38 milhões de inscritos e de um perfil numa rede social com 12 milhões de seguidores. Embora todos estejam no campo das plataformas digitais, as armas que cada um deles usa têm sido diferentes. Com dados, uma boa retórica e muita opinião, Neto tem se firmado como uma das maiores forças críticas à extrema-direita brasileira na internet. Já os grupos bolsonaristas têm optado pela calúnia pura e simples. No ambiente de vale-tudo das redes sociais, onde parece não haver limites para golpes abaixo da cintura, Neto, que começou sua carreira falando para o público infantojuvenil, tem sido falsamente acusado de pedofilia.
Neto e a tropa bolsonarista já vinham se estranhando havia algum tempo, mas nada comparável ao que se viu em julho. Entre os dias 22 e 28 foram mais de 1,2 milhão de menções a Neto no Twitter, segundo a consultoria Arquimedes. No final do mês, nenhuma surpresa: a hashtag #TodosContraFelipeNeto acabou ocupando o primeiro lugar. A montagem atribuída falsamente a ele estampava a frase “Criança é que nem doce, eu como escondido”. A mesma frase já havia aparecido em um meme com ataques igualmente caluniosos ao papa Francisco. Em seus perfis, Neto informou que só no Facebook e Instagram conseguiu retirar do ar, entre a segunda-feira 27 e a terça-feira 28, mais de 1.800 vídeos com informações falsas. Procuradas por ÉPOCA, as plataformas não confirmaram a informação.
Nessa investida, há indícios de que os caluniadores estejam tendo a ajuda de robôs e contas falsas. As hashtags mais usadas contra Neto figuraram no ranking do Bot Sentinel, plataforma criada nos Estados Unidos contra a desinformação, que elenca os principais assuntos tuitados por contas inautênticas em determinada hora do dia. Na quarta-feira 29, uma hashtag com erro de digitação, a #TodosContraFelipeNelo, o que tem sido recorrente em campanhas favoráveis ao presidente, também levantou a discussão sobre o uso de perfis automatizados.
“A FÚRIA CALUNIADORA DOS BOLSONARISTAS CONTRA NETO DÁ A MEDIDA DO SUCESSO DO YOUTUBER NAS CRÍTICAS AO GOVERNO. ELE SE FIRMOU COMO UMA DAS MAIORES FORÇAS CONTRA A EXTREMA-DIREITA NA INTERNET”
Entre a turma bolsonarista de carne e osso que comentou o assunto abertamente, vários nomes famosos, como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP) e Abraham Weintraub (sim, sempre ele!), o ex-ministro da Educação que, de diplomata, só tem o passaporte. Em seu favor, Neto teve o apoio de muito gente. Além de seus próprios apoiadores, que ajudaram a levantar hashtags em sua defesa, políticos e personalidades se posicionaram publicamente em solidariedade. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras 36 entidades, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), assinaram um manifesto contra a campanha difamatória. Na Câmara dos Deputados, o PSOL pediu que a CPMI das Fake News investigue a divulgação das mensagens. Tanto apoio parece ter emocionado o youtuber de 32 anos. “O ódio é barulhento, mas o amor é muito mais forte”, disse Neto em seus perfis.
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Fonte: Marlen Couto/Época
Foto: Leo Aversa / Agência O Globo


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