Jair Bolsonaro chega à antessala da eleição numa situação paradoxal. Cavalgando o desalento do eleitorado, foi guindado ao topo das pesquisas. Mas não consegue compor uma coligação que lhe forneça estrutura de campanha e tempo na propaganda eleitoral do rádio e da TV. Tentou uma coligação suja com o PR do ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto. Não prosperou. Projetou uma chapa verde-oliva, com o general Augusto Heleno na vice. O nanico PRP, partido do general, vetou o arranjo.
Submetido a um insolamento, Bolsonaro reage com esperteza. Ele faz pose de candidato puro e fala o que o eleitor quer ouvir. Diz coisas definitivas. Por exemplo: “Vou governar sem toma-lá-dá-cá.” Mas não define muito bem as coisas, abstendo-se de informar como faria para lidar com um Congresso onde não há inocentes, apenas culpados e cúmplices.
Mantido esse quadro, Bolsonaro terá menos de 10 segundos para vender seu peixe na propaganda do horário eleitoral. Ele avalia que derrotará estruturas partidárias tradicionais promovendo uma guerrilha eletrônica na internet. Não será fácil. Mas suponha que dê certo. Nessa hipótese, vai ao Planalto um filiado do nanico PSL. O Congresso será igual ao atual —se não for pior. De duas, uma: ou capitão bate continência ou será mais um presidente com a cabeça a prêmio.
No Brasil, os congressistas desenvolveram uma tecnologia para derrubar presidentes. Dos quatro que foram eleitos diretamente desde a redemocratização, caíram dois. A taxa de mortalidade é de 50%.
Fonte: Josias de Souza/UOL
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