O Governo Bolsonaro vem desembolsando uma verdadeira fortuna para anunciar na TV de uma Igreja evangélica sem audiência.
Segundo informações da Veja e confirmados pelo DCM, a TV Gênesis recebeu quase R$ 4 milhões em três anos. Os valores foram referentes à campanha publicitária, o que é comum entre órgão público e emissoras. Mas o incomum é um canal sem nenhuma audiência obter valor tão alto.
Para se ter uma ideia, a TV Gênesis recebeu R$ 3,7 milhões entre 2019 e 2021. Ao mesmo tempo, canais tradicionais da TV paga, como a Discovery teve R$ 3,1 milhões. Pior ainda é a ESPN, considerado um dos principais canais esportivos do país e que teve valores irrisórios. Emissoras de TV aberta e com muito mais alcance, como a TV Cultura, também receberam menos, R$ 328 mil.
Chama a atenção que o governo Bolsonaro tenha decidido investir em propaganda na TV Gênesis. Isso porque, levantamento do DCM junto à Kantar Ibope, responsável pela medição de audiência, mostra que não faz sentido. Na lista de 2020, por exemplo, a emissora pertencente à igreja Sara Nossa Terra, não aparece no Top 50 do ranking da TV paga. Isso significa dizer que a audiência diária do canal não chegou sequer a duas mil pessoas por dia.
Como o canal está fora do ranking, não é possível dizer com certeza quantas pessoas assistiram ao canal. No entanto, sabe-se que é menos de 2 mil. Numa avaliação otimista, em que 1,5 mil telespectadores assistam a TV Gênesis todos os dias, o governo pagou uma fortuna. Numa avaliação pessimista, é possível e, até provável, que o canal marque zero de audiência. Ou seja, Bolsonaro pagou para algo que ninguém vê.
Proporcionalmente, a TV Gênesis recebeu mais dinheiro do governo que o Grupo Globo. Os canais da família Marinho embolsaram R$ 137 milhões nesses três anos, mas ela é líder do mercado. Tanto na TV aberta, quanto na TV fechada, as emissoras da Globo comandam a audiência. Num cálculo per capita, o valor por telespectador é muito maior para a emissora da Sara Nossa Terra que à Globo.
Como trata-se de verba publicitária, todas para conscientizar sobre casos como dengue, campanha de vacinação e outras, o critério se perde. Em tese, o anúncio deveria ser voltado para atingir o maior número de pessoas. Mas o Governo Bolsonaro adotou o critério de pagar para uma TV mantida por uma igreja que é de um aliado.
Além disso, o religioso é figurinha carimbada na política. Em 2014 ele publicou um artigo dizendo que os evangélicos deveriam deixar de ser ovelhas e virarem ‘players’ da política. Para 2018, projetou um crescimento da bancada evangélica e usou a igreja para apoiar diversos candidatos no Congresso.
Fonte: DCM
Foto: Reprodução
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