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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

UNIVERSIDADES FEDERAIS PEDEM MAIS R$ 1,8 BI PARA BANCAR DESPESAS DE 2022

Andifes quer reposição de perdas desde 2019; apesar de queda, MEC quer criar instituições e cargos sem prever novos alunos

As universidades federais calculam a necessidade de um acréscimo de R$ 1,8 bilhão no orçamento de 2022 para garantir suas atividades.

O pedido foi encaminhado a congressistas nesta semana pela Andifes, organização que agrega os reitores das instituições.

Apesar de a rede federal de ensino superior ver seus recursos minguarem desde 2015, o MEC (Ministério da Educação) do governo Jair Bolsonaro quer criar novas instituições, desmembrando unidades já existentes, com a distribuição de 2.912 novos cargos para comandá-las.

O impacto pode chegar a R$ 500 milhões por ano. Como a Folha revelou, não há previsão de novas vagas para alunos e o objetivo é atender interesses de políticos do centrão.

As universidades têm brigado para repor perdas acumuladas e foram pegas de surpresa por esse plano do governo.

O projeto de lei do Orçamento de 2022 prevê R$ 5,1 bilhões de recursos discricionários (que não incluem salários, por exemplo) para as 69 universidades.

Essas instituições, no entanto, calculam a necessidade de a rubrica chegar a R$ 6,9 bilhões. O dinheiro é usado para custear as atividades, como conta de luz e água, além de bancar investimentos.

O objetivo dos reitores não representa uma alta orçamentária, mas apenas a recomposição dos cortes operados desde 2019, com correção da inflação, segundo documento levado aos congressistas e obtido pela Folha.

A volta presencial preocupa reitores com a elevação dos gastos.

"Depois de expressivos cortes nominais no orçamento destas instituições nos anos de 2020 e 2021, apresentamos o pleito da necessária recomposição orçamentária aos valores reais de 2019", diz o ofício da Andifes, endereçado ao deputado Hugo Leal (PSD-RJ), relator do Orçamento.

"Deve-se destacar o grande desafio que será enfrentado por nossas universidades no ano de 2022 para realizarmos a plena retomada de nossas atividades presencias", afirma.

Segundo o presidente da Andifes, Marcus Vinicius David, os valores previstos no projeto de lei do Orçamento de 2022 levado ao Congresso é irreal para garantir o funcionamento das universidades.

"Conscientes da crise econômica, não estamos demandando aquilo que seria necessário para um funcionamento ideal, mas sim aquilo que temos como referência no ano último ano de funcionamento pleno das atividades [com aulas presenciais] com as correções da inflação", diz David.

Nesse cenário, segundo ele, é por isso que o pedido faz menção a 2019.

Além de partir de uma realidade de cortes acumulados, David ressalta que não há condições de garantir o funcionamento pleno com a alta inflacionária que atinge, por exemplo, contratos terceirizados, tarifas públicas e gêneros alimentícios para restaurantes universitários.

"Esses valores do Orçamento estão fora da realidade", diz.

Fonte: Folha de SP
Foto: Folhapress

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