Executiva foi indiciada por abandonar idosa em uma casa de Alto Pinheiros, região nobre de São Paulo.
A Avon demitiu nesta sexta-feira (26) a executiva Mariah Corazza Üstündag, 29, indiciada por manter uma mulher de 61 anos em condição análoga à escravidão em uma casa de Alto Pinheiros, região nobre da capital paulista.
O caso foi relatado pela Folha em reportagem nesta sexta-feira.
Em nota e em suas redes sociais, a marca de cosméticos disse que "com grande pesar, tomou conhecimento das denúncias de violações dos direitos humanos por um de seus colaboradores".
"Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia e a Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima."
A idosa, que era doméstica da família, foi resgatada de uma casa após denúncias de vizinhos. A patroa e o marido foram indiciados por redução a condição análoga à de escravo, abandono de incapaz e omissão de socorro.
A executiva da Avon chegou a ser presa em flagrante na quinta-feira (18), mas foi solta após pagar fiança de R$ 2.100. Seu marido, Dora Üstündag, 36, também foi indiciado pela Polícia Civil. O advogado Eliseu Gomes da Silva afirmou que a família Corazza não vai se manifestar neste momento sobre o que aconteceu.
O perfil de Mariah no LinkedIn, onde aparecia seu emprego, agora está indisponível. Mariah é filha da cosmetóloga Sônia Corazza, conhecida consultora na indústria de produtos de beleza.
Na Avon, ocupava o cargo de gerente de marketing da área de fragrância.
Na quinta (25), a Justiça do Trabalho em São Paulo atendeu parte de um pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho e bloqueou a casa, para que ela não possa ser vendida até o fim do processo. Também determinou a liberação de três parcelas do seguro-desemprego para a vítima.
A casa indicada na denúncia tinha, no portão, diversas placas de anúncios para venda. Lá dentro, a equipe encontrou uma mulher vivendo sozinha em um quarto nos fundos do terreno. A residência principal estava trancada e vazia. A porta precisou ser arrombada.
Segundo a procuradora do trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena, que acompanhou a operação e assina o pedido judicial, o quarto em que a mulher vivia, segundo a procuradora Alline, era uma espécie de depósito e tinha cadeiras, estantes e caixas amontoadas. Um sofá velho era utilizado como cama. Não havia banheiro disponível.
Em depoimento no DHPP, Mariah disse que a empregada sempre teve amplo acesso à residência e que o portão de acesso à lavanderia, onde havia um banheiro, só foi fechado na véspera da operação policial. Ela afirmou que havia uma obra no terreno vizinho e que, por isso, teve medo de que a casa pudesse ser invadida.
Como mostrou reportagem da Folha, uma vizinha disse, em depoimento, que desde o início da pandemia a empregada pedia para usar o banheiro da casa dela, pois tinha sido proibida de acessar a lavandeira.
Fonte: Folha de São Paulo
Foto: Ministério Público do Trabalho
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