Que bom ver na TV a terra onde nascemos, onde estão os laços afetivos inaugurais, as vivências, aprenderes e saberes que carregamos dentro de nós, como tatuagens.
Uma coisa são as memórias que trazemos, com suas imperfeições inevitáveis; outra, a imagem que salta da tela da TV, fria e real, revelando o que sequer dávamos conta, sem concessões à expectativas ou ao imaginário.
O programa carregou os ares de uma certa nostalgia: a parteira, o barbeiro, a estação ferroviária inativa e saudosa, as andorinhas eternas das igrejas, poetas e violeiros, a serra da Barriguda - namorada e mãe da cidade inteira -, figuras e lugares que estão na magia da terra tal os personagens de uma Macondo, de Gabriel García Márquez, no famoso livro Cem Anos de Solidão.
Senti falta de um olhar mais demorado sobre a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a querida Igrejinha Velha, no seu puro estilo colonial português, de uma simplicidade e beleza que a tornam relíquia arquitetônica.
Bem que a Igrejinha poderia ter ocupado o tempo e espaço destinado a promover um filme comercial da Globo, uma inconveniência do programa, para dizer o mínimo.
Emocionante a mostra do documento mais antigo de Alexandria feita pelo historiador George Veras, o tombo de demarcação, onde um Senhor José da Costa diz ser morador da Fazenda Barriguda. Registro de mais de 260 anos.
Ao lado das manifestações artísticas do município, sobretudo do seu cinema, com os consagrados Inácio Garapa e O Guardião da Barriguda, claro que faltou mostrar a arte e beleza da Quadrilha Dona Barriguda, a perseguida.
Explosão de criatividade da juventude de Alexandria, com seus e suas bailarinas, coreógrafos, produtores, 60 componentes, com suas cores, ritmos e manejos, que fazem desse corpo de baile o maior de toda a nossa história, e um dos grandes do alto sertão nordestino. No que pese, infelizmente, o sabido desprezo devotado pelo poder público municipal.
Valeu, Alexandria!
Cara boa na TV!
Napoleão Veras
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.