Numa posse histórica para as mulheres de Santa Catarina, que nunca tiveram um número tão grande de representantes na Assembleia Legislativa _ ainda sejam apenas cinco _ o principal assunto envolvendo as deputadas foi o macacão usado por Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), durante a cerimônia. A 5ª parlamentar mais votada do Estado virou alvo de críticas devido ao decote.
A divulgação das fotos nas redes sociais rendeu uma série de comentários ofensivos. Inclusive nas páginas mantidas pela própria deputada.
Neste sábado, ela informou que sua equipe precisou mediar as mensagens, que chegaram a fazer menção a estupro. Paulinha fez cópia dos comentários e avalia, agora, se vai levar os ofensores à Justiça.
Ex-prefeita de Bombinhas, onde se elegeu por dois mandatos, a deputada estadual sempre usou roupas justas e decotadas. Em entrevista à coluna, diz que se surpreendeu com a repercussão do decote. E afirmou que é um momento para se discutir o machismo e a presença da mulher na política.
"Mulheres estão na política e a sociedade tem que se acostumar com elas como são"
"Mulheres estão na política e a sociedade tem que se acostumar com elas como são"
Qual foi sua reação aos comentários?
Printamos (copiamos) e vamos avaliar. Os mais maliciosos eu fiz questão de apagar, porque nenhuma mulher merece receber esses comentários. Não acho que estava inadequado. Temos um fórum suprapatidário de mulheres, e conversamos sobre isso depois. A participação das mulheres na política é tão minúscula, somos tão poucas, por isso causamos essa reação. Mulheres se vestem de todas as maneiras, só que não estão representadas no poder.
Te surpreendeu?
Sempre usei roupa justa, sapato alto, decote. Achei que as pessoas iam falar do vermelho, mas só se concentraram no decote. As mulheres têm peito e eu tenho peito grande, sempre fui assim. Não é agora, que virei deputada, que vou virar outra mulher. Não estou aí para ser avaliada por isso. A sociedade de Bombinhas me avaliou pelo meu trabalho. O jeito como me visto é problema meu. Santa Catarina tem um dos números mais agressivos de violência contra a mulher, e ninguém assume que isso é preconceito. É nessas situações que ele aflora. Vou responder a essa situação, é um grande momento pra trazermos essa pauta da violência contra a mulher. Por mais que alguém achasse minha roupa imprópria, e poderia até não gostar, mas isso está dentro dos limites da diferença. Ninguém pode me julgar moralmente, trazer comentários negativos por isso. Há mais mulheres com decotes, mas como política não é um ambiente para nós, veio esse clamor todo.
A escolha da roupa foi um protesto?
Não exatamente um protesto, mas uma forma de dizer que sou mulher e que represento muitas, todas, e temos liberdade e independência sobre nossas escolhas. Sou feminista convicta e transmito esse recado quando tenho essa oportunidade. O recado foi dado, mulheres estão na política e a sociedade tem que se acostumar com elas como são. Tem questões muito mais importantes para a Assembleia Legislativa discutir.
Fonte: Dagmara Spautz/NSC Total
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