“O PT se rende à decisão do TSE. (…) Nós perdemos hoje aqui”, disse, na madrugada de sábado, o advogado de Lula, Luiz Fernando Casagrande. Com sua rendição, o doutor convenceu os ministros da Corte máxima da Justiça Eleitoral a manter a propaganda do PT no ar. O advogado deu o braço a torcer: “Lula está fora. Ele não pode mais aparecer como candidato a presidente. O partido vai cumprir a decisão.'' Os ministros deram-lhe crédito. E fizeram papel de bobos.
Nos seus programas inaugurais no horário político do rádio e da TV, o PT manteve Lula como cabeça de sua chapa. E ainda aproveitou o tempo de propaganda que o TSE autorizou a usar para espinafrar o próprio tribunal. “…A vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatura de Lula pelo TSE”, afirma um locutor na abertura do programa petista, gravada na manhã deste sábado. (assista no vídeo acima).
Relator do voto que prevaleceu no caso Lula, o ministro Luis Roberto Barroso, além de barrar a candidatura do presidiário, retirara o PT do ar. Enquanto não fosse providenciada a troca do candidato, o tempo do partido na TV seria preenchido apenas por uma tela azul. Graças ao advogado Casagrande, esse pedaço da decisão foi revertido numa reunião dos ministros do TSE a portas fechadas.
A acidez da campanha petista tem efeitos negativos no campo jurídico e também na seara política. Juridicamente, as críticas do partido ao Judiciário transformaram Lula num colecionador de derrotas. Já amargou infortúnios na primeira instância (Sérgio Moro), na segunda (TRF-4), na terceira (STJ) e também na quarta (STF).
Politicamente, o PT retarda a eletrificação do seu novo poste. O verbo preferido do partido na campanha é desconstruir. Conjugando-o, o petismo desperdiça um tempo que poderia utilizar na construção da imagem de Fernando Haddad, cuja foto substituirá a de Lula na urna. Hoje, Haddad frequenta as pesquisas com um percentual de intenção de votos nanico: 4%).
É grande a capacidade de Lula de transferir votos, indicam as pesquisas. Mas a campanha é curta (apenas 45 dias) e o cabo eleitoral está preso. O slogan “Lula livre” serve para acender os devotos já convertidos. Isso pode levar Fernando Haddad para o segundo turno. Mas é insuficiente para devolver o PT ao Planalto.
A retórica azeda talvez não traga de volta os votos da classe média. Uma gente conservadora que acreditou na Carta aos Brasileiros, o documento em que Lula renegou o receituário radical que o impedia de chegar à Presidência da República. Sem esse pedaço do eleitorado, será mais difícil vencer. Nesta segunda-feira, Haddad visitará Lula na cadeia, em Curitiba.
Fonte: Josias de Souza/UOL
Foto: reprodução You Tube
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