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RN POLITICA EM DIA 2012 ENTREVISTA:

segunda-feira, 28 de maio de 2018

MPF DENUNCIA EX-AGENTES DA DITADURA QUE EXECUTARAM MILITANTES EM SP.UM DELES VIU DILMA PRESA.

O MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo denunciou nesta segunda-feira (28) dois ex-agentes da repressão na ditadura militar pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver contra dois opositores do regime. Foram denunciados o então tenente-coronel Maurício Lopes Lima e o suboficial Carlos Setembrino da Silveira, os quais, segundo o MPF, participaram da operação que culminou na execução sumária de Alceri Maria Gomes da Silva, membro da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), e Antônio dos Três Reis de Oliveira, integrante da ALN (Aliança Libertadora Nacional). Tenente-coronel do Exército entre outubro de 1969 e o início de 1971, Lima foi dirigente da Oban (Operação Bandeirantes) e, no DOI-Codi de São Paulo, segundo o MPF, foi o responsável por torturas durante esse período. Chegou a ser acusado pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), ex-guerrilheira do VPR, de ter presenciado a tortura dela. Em entrevista o jornal O Globo, em 2012, Lima admitiu que esteve com Dilma em três momentos – o primeiro, logo que ela foi presa. "Nós tínhamos a suposição de que ela era a Dilma e não tínhamos certeza. Chegaram para mim e disseram 'Maurício, você tem o dossiê da Dilma?". E eu: 'tenho'", afirmou, ao jornal. A denúncia atual do MPF afirma que os dois militantes foram assassinados a tiros de metralhadoras na casa onde viviam, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), sem chance de defesa e por motivo torpe —justificativas para as duas qualificadoras do crime de homicídio –e nunca tiveram seus restos mortais localizados. Na avaliação da Procuradoria, não cabe prescrição ou anistia ao caso tendo em vista que as duas mortes aconteceram em um contexto de "ataque generalizado do Estado brasileiro contra a população civil". Por essa razão, salienta o órgão, são considerados crimes contra a humanidade.
Em nota, a Procuradoria informou que a coordenação centralizada do sistema semiclandestino de repressão da época foi comprovada por uma série de testemunhos e documentos –entre os quais, um relatório de abril de 1974 assinado pelo então diretor da CIA, William Colby, revelado há pouco mais de uma semana. Dirigido à Secretaria de Estado dos Estados Unidos, o ofício descreve uma reunião na qual o presidente Ernesto Geisel autorizava ao SNI (Serviço Nacional de Informações) a prosseguir com os assassinatos de militantes políticos, opositores ao regime, desde que o Palácio do Planalto fosse previamente consultado. "Portanto, as execuções não eram atos isolados, mas sim uma verdadeira política de Estado, chancelada pela Presidência, que não apenas estava ciente, mas a coordenava e, a partir de 1974, passava a exigir autorização prévia", afirmou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, autor da denúncia.

Fonte: Janaina Garcia/UOL
Foto: Google Earth

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