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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TRAFICANTE PRESO EM IPANEMA É TIDO COMO SANGUINÁRIO E SERIA "FREELANCER" DE FACÇÃO DE SÃO PAULO.

Conhecido como Galã, ele tem lista de homicídios e vinganças na fronteira com Paraguai.

Considerado um dos principais traficantes na fronteira do Brasil com o Paraguai, Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, de 34 anos, é conhecido entre investigadores dos dois países pelos seus métodos violentos, considerados "sujos" até mesmo no mundo do crime e tem uma lista de assassinatos e vinganças atribuídos a ele no país vizinho. Galã foi surpreendido e preso por agentes da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) enquanto fazia uma tatuagem em Ipanema, na Zona Sul, na noite desta terça-feira.
Investigadores ouvidos pelo GLOBO afirmaram que o criminoso é sanguinário e que suas ações geralmente causam "danos colaterais", como a morte de inocentes. Armamentos de alto calibre, como metralhadoras antiaéreas e fuzis são usados nas ações planejadas, geralmente na rua. Galã tem duas ordens de prisão no país vizinho, uma pela morte de Jorge Rafaat Toumani, considerado um dos chefes do tráfico no país até 2016, e outra pelo assassinato de Willian Giménez Bernal, como vingança a uma tentativa de assassinato que sofreu. O filho de 5 anos de Willian morreu com o pai ao ser atingido por balas de fuzil. As mortes dos dois traficantes são relacionadas à disputa por território no tráfico de drogas entre os dois países.
De acordo com os investigadores, Galã tinha uma relação estreita com uma das principais facções brasileiras, o Primeiro Comando da Capital (PCC), embora existam informações conflitantes sobre se o traficante seria ou não um membro efetivo da facção. A princípio, agentes que atuam na fronteira acreditam que ele atuava como uma espécie de "freelancer" com autorização do PCC para atuar na fronteira. Além disso, também teria ligações antigas com outra facção, o Comando Vermelho. O foco de sua atuação era a venda de drogas para o Rio e o interior de São Paulo, sobretudo a região de Taubaté.
Segundo o Ministério do Interior do Paraguai, Galã era o narcotraficante mais procurado no país vizinho. Ele entrou no radar das autoridades paraguaias em junho de 2016, quando foi apontado como o mandante do assassinato de Rafaat. As investigações mostram que, para esse crime, Galã se aliou a outro barão das drogas do Paraguai, Jarvis Chimenes Pavão.
Cerca de seguranças e dentro de um carro blindado, Raffat foi assassinado em 15 de junho de 2016 com tiros de uma metralhadora antiaérea, calibre .50, de uso exclusivo das Forças Armadas. A emboscada foi armada na rua, depois que a vítima deixou sua loja de pneus em Pedro Juan Caballero.
A parceria entre Galã e Pavão não durou muito tempo. Um dos principais funcionários de Pavão, William Bernal, é suspeito de ter organizado o ataque a uma casa noturna de Pedro Juan Caballero em 24 de julho de 2017 que teria Galã como alvo. O traficante brasileiro conseguiu fugir, mas o ataque deixou um saldo de quatro mortos e 11 feridos.
Bernal morreu em outubro, em um atentado que, segundo promotores paraguaios, foi feito a mando de Galã. Assim como aconteceu com Rafaat, os criminosos fizeram uma emboscada e cercaram o carro de Willian, em Assunção, usando fuzis para atingi-lo. Os disparos também mataram o filho de 5 anos da vítima.
Galã divide o tráfico no Paraguai com os grupos de outros dois traficantes de grande escala. Além de Pavão, que foi extraditado para o Brasil em dezembro do ano passado e enviado para o presídio federal de Mossoró, outro chefe do tráfico na fronteira é Luiz Carlos da Rocha, o "Cabeça Branca", preso em julho do ano passado pela Polícia Federal e atualmente custodiado em Sorriso, no Mato Grosso.
O próprio PCC também é um importante ator do tráfico na fronteira. Segundo investigadores, enquanto organização, a facção é a que possui a maior estrutura e volume no tráfico de maconha e cocaína. Agora, busca hegemonia na fronteira. A relação entre essas lideranças, no entanto, é bastante delicada.

Fonte: Dimitrius Dantas/O Globo
Foto: Divulgação Polícia Civil

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