Dos R$ 19,3 milhões desviados do Idema entre os anos de 2013 e 2014, mais de 70% foram repassados ao então diretor administrativo do órgão, Gutson Jonhson Giovany Reinaldo Bezerra. Destes, ele se apoderou de R$ 13,2 milhões sacados em espécie das contas bancárias das diversas empresas usadas na tentativa de dar legalidade às ações delituosas que culminavam nos desvios de recursos. Há, ainda, a parte que era repassada em cheques. Financiando-se de quase tudo restava aproximadamente 10% a ser rateado entre os demais atores da trama criminosa. Preso desde o dia 02 de setembro no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, na zona Leste de Natal, Gutson Reinaldo e os outros 14 réus da Operação Candeeiro, deflagrada pelo Ministério Público Estadual na mesma data, deverão ser julgados este ano pelo juízo da 6ª Vara Criminal.
O detalhamento da divisão dos desvios está na denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público Estadual que pela primeira vez elencou, com base em delações premiadas e em provas coletadas durante a Operação Candeeiro, os percentuais e valores supostamente percebidos pelo ex-diretor administrativo do Idema/RN no curso do esquema. “Quase 70% dos recursos desviados do Idema foram sacados em espécie, dinheiro vivo, das contas bancárias das respectivas empresas, como o único propósito de ocultar os destinatários destes valores”, diz trecho da peça acusatória analisada pelo Judiciário. No mesmo documento, o órgão ministerial faz referência aos depoimentos dos denunciados Clebson José Bezerril e João Eduardo de Oliveira Soares, que assumiram o cometimento dos ilícitos logo após terem sido presos.
“Os denunciados Clebson José Bezerril e João Eduardo de Oliveira Soares foram uníssonos e categóricos em seus interrogatórios, afirmando que apenas 10% dos recursos desviados do Idema eram divididos com os demais integrantes do esquema, inclusive para eles próprios, enquanto que 90% tinham como destinatário o denunciado Gutson Jonhson Giovany Reinaldo Bezerra, o que se desincumbia de receber os valores em espécie logo em seguida aos respectivos saques, de modo que, do total de recursos desviados do Idema, praticamente 100% daquela quantia sacada em espécie, no montante de R$ 13.283.596,76, foi para ele desviada”, imprime a denúncia.
Ex-diretor mantinha ‘testa-de-ferro’
Ainda segundo o Ministério Público Estadual, através do desvios operados por Renato Bezerra de Medeiros, considerado o “testa-de-ferro” do ex-diretor administrativo do Idema/RN, a cifra amealhada com o esquema exigiu “a prática de procedimentos destinados a converter tamanha quantidade de valores em ativos ilícitos, o que restou viabilizado, pelo menos parcialmente, através da constituição e operação da empresa B&G Autos Comércio e Locação de Veículos Ltda. - ME, por intermédio de “laranjas”, e da aquisição de inúmeros imóveis em nome de terceiros, mediante pagamento em espécie e formalizadas através de “contratos de gaveta””.
A evolução patrimonial de Gutson Reinaldo enquanto diretor-administrativo do Idema foi tão alta que chamou atenção quando da apreensão realizada no dia 02 de setembro na mansão na qual foi preso, no condomínio de alto padrão Bosque das Palmeiras, na Região Metropolitana de Natal. Na denúncias assinada pelo MPE, consta um documento intitulado de Ação de Dissolução Consensual de União Estável no qual está disposta uma listagem de bens a serem partilhados entre Gutson Reinaldo e a ex-mulher, Aratusa Barbalho de Oliveira, que além de ter sido denunciada como partícipe do esquema do Idema é apontada como funcionária fantasma da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, onde a mãe dele, Rita das Mercês Reinaldo, atuava como procuradora geral até ter sido presa em agosto, acusada de desvios de R$ 5,5 milhões através de cheques-salário.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br/
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