Às voltas com a necessidade de cobrir um buraco de cerca de R$ 80 bilhões no Orçamento da União de 2016, Dilma Rousseff decidiu assumir pessoalmente a negociação para tentar aprovar no Congresso a proposta de recriação da CPMF. Fará isso depois que o vice-presidente Michel Temer lhe disse ser contra a medida e previu uma nova derrota do governo no Legislativo.
Além de Dilma, também o ministro Joaquim Levy (Fazenda) conversou com o vice-presidente. Disse-lhe que a ressurreição do tributo, enviado à cova pelo Congresso em 2007, é vital. Temer repetiu o que dissera a Dilma. Para ele, a proposta de recriar a CPMF é uma derrota esperando para acontecer no Congresso. O texto do projeto será arrematado neste domingo (30), em reunião de Dilma com um grupo de ministros. E seguirá para o Congresso nesta segunda-feira (31).
Na sequência, Dilma planeja reunir-se com líderes e presidentes de partidos governistas. Simultaneamente, tentará convencer os governadores a pressionar os congressistas dos seus respectivos Estados para que votem a favor da matéria. Na noite desta sexta-feira (28), Dilma jantou com os governadores da região Nordeste, em Fortaleza (veja foto no rodapé).
Curiosamente, partiu de Temer a sugestão para que Dilma molhasse a blusa. Os dois tiveram uma conversa telefônica no final da tarde da última quinta-feira (27). A presidente tocou o telefone para o vice depois que a novidade já havia sido pendurada nas manchetes. Em entrevista, Temer chegara a tachar as notícias de “burburinho”. Na conversa com Dilma, descobriu que era mais do que isso.
O projeto seguirá para o Congresso na segunda, confirmou Dilma a Temer, que àquela altura, já havia trocado ideias com alguns líderes de legendas aliadas. A senhora já conversou com os líderes?, quis saber o vice. Dilma respondeu que espera contar com o auxílio dos governadores. E Temer insinuou que seria insuficiente.
O vice recordou à presidente que ela já abriu as portas do Palácio do Alvorada para os governadores no final de julho. Pediu-lhes que ajudassem a desarmar as bombas fiscais que tramitam no Congresso. Cinco dias depois, Dilma amargou na Câmara uma derrota humilhante derrotas já impostas a um governo.
Os deputados aprovaram em primeiro turno a emenda constitucional que vincula o salário de três corporações —advogados da União, delegados da Polícia Federal e delegados de Polícia Civil— a 90,25% dos contracheques dos ministros do STF. O placar foi estonteante: 445 votos a favor e apenas 16 contra. De nada serviu o encontro de Dilma com os governadores.
Dessa vez, Dilma confia que será diferente. Para seduzir os governadores, o governo cogita dividir com os Estados parte da coleta da nova CPMF. Um auxiliar da presidente disse ao blog: “Renan Calheiros [presidente do Senado] disse que não gosta da volta da CPMF, mas o Renan Filho [governador de alagoas] gosta.”
Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
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