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RN POLITICA EM DIA 2012 ENTREVISTA:

domingo, 5 de outubro de 2014

NO DF, ATÉ O PT DESISTIU DE AGNELO.

Máquina pública, maior tempo de TV e campanha rica: nada parece ajudar o governador que é rejeitado por metade do eleitorado do Distrito Federal.

Numa campanha eleitoral, derrotar um candidato que concorre com o apoio da máquina pública, tem uma aliança partidária que lhe rende o maior tempo de propaganda no rádio e na televisão e uma campanha na qual não falta dinheiro é tarefa quase impossível. Mas se esse candidato for o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, a lógica parece não se confirmar. Após quatro anos de uma administração atrapalhada, com denúncias de corrupção sempre rondando o Palácio do Buriti, Agnelo não deve avançar para o segundo turno, segundo as mais recentes pesquisas.
Segundo os institutos de pesquisa, o senador Rodrigo Rollemberg, do PSB, lidera a corrida. Jofran Frejat (PR), substituto do ex-governador José Roberto Arruda, cuja candidatura foi barrada pela Lei da Ficha Limpa, está em segundo lugar, pouco à frente de Agnelo. Os institutos ainda apontam um dado esclarecedor sobre o que foi o governo do petista: 49% dos eleitores do Distrito Federal afirmam que não votariam nele.
Vidraça – A gestão de Agnelo Queiroz fracassou em uma das principais promessas eleitorais do petista: a melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS). Governada por um médico, a capital do país é a unidade da federação que mais investe em saúde por ano – tem um gasto anual de 1.042,20 reais por pessoa –, mas registra o pior número de leitos e o mais baixo índice de cobertura em setores da atenção básica, agentes comunitários e equipes de saúde da família, segundo dados do Conselho Federal de Medicina. A situação se repete na educação, com índices de aprovação dos ensinos médio e fundamental em queda, na segurança pública, cujo número de furtos e roubos é crescente, no trânsito caótico no Plano Piloto e na descontrolada invasão de terras.
Sem vitrines, o candidato petista aponta para a multiplicação de obras durante seu mandato, entre elas a construção do Estádio Nacional – a mais cara entre as arenas da Copa do Mundo. Durante a campanha, Agnelo tem propagandeado uma cartilha que traz um levantamento de mais de 5.000 obras concluídas. “Colocarei esse livro na internet para que todos possam ver o que é um governo eficiente, dedicado, capaz de fazer em um mandato só mais de 5.000 obras. E não é obra de pintura de meio-fio nem de plantio de árvores. É obra para valer”, afirmou durante debate em agosto. A análise detalhada do documento, porém, mostra justamente aquilo que o governador negou: “Implantação de calçada com meio-fio na QS 09 em Taguatinga”, consta na página 325. “Plantio de mais de 15.000 mudas de árvores típicas do cerrado”, está na página 332. As maquiagens para inflar o desempenho do petista trazem ainda a instalação de lixeiras e de alambrados.
Reviravolta – As eleições na capital do país foram marcadas pela batalha judicial de José Roberto Arruda. Ex-governador do DF, o candidato pelo PR liderava as pesquisas, mas optou por renunciar ao cargo após ser cassado pela Justiça Eleitoral. Flagrado em vídeo recebendo propina, Arruda arrastou o DF para as páginas policiais quando tornou-se o primeiro governador preso do país. Ele foi condenado por improbidade administrativa pelo envolvimento no mensalão do DEM e perdeu os direitos políticos por oito anos. Mesmo fora da disputa, Arruda não saiu de cena: alçou como substituto o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, indicado pelo ex-governador Joaquim Roriz. Também colocou no posto de vice a mulher, Flavia, e passou a ser o principal cabo eleitoral da dupla, inclusive aparecendo em comícios e propagandas eleitorais.
Mesmo sendo uma incógnita para grande parcela da população brasiliense, Rollemberg, aos 55 anos, surge como uma alternativa para a política na capital federal – historicamente disputada entre aliados de Roriz e petistas que sucessivamente terminam às voltas com escândalos de corrupção. Rollemberg, entretanto, está longe de ser uma renovação política: passou pela Secretaria de Turismo durante o governo do então petista Cristovam Buarque e foi aliado do próprio Agnelo até dezembro de 2012, quando desembarcou do governo para ajudar nos primeiros passos pela candidatura do ex-governador Eduardo Campos à Presidência.
A equipe de Frejat já definiu que em um eventual segundo turno a aliança petista deve ser questionada. “O seu discurso é o mesmo de Agnelo na eleição passada. Você sempre se elegeu no governo do PT. O que a gente observa é que vocês são farinha do mesmo saco”, disse o candidato do PR no último debate na televisão. Frejat, por outro lado, representa a continuidade de Arruda.
Ainda que Agnelo avance para a próxima etapa, a vitória é vista como improvável inclusive por aqueles que oficialmente o apoiam. A debandada começou por candidatos nanicos, mas dirigentes do próprio PT já jogaram a toalha. O vexame de Agnelo parece irreversível.

Fonte: Marcela Mattos/http://veja.abril.com.br/

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