A proposta de plebiscito da presidente Dilma Rousseff para votar a reforma política nasceu morta.
A mensagem foi encaminhada ontem (2) ao Congresso Nacional. Contempla cinco pontos: Forma de financiamento de campanhas (público ou privado); Definição do sistema eleitoral (voto proporcional, distrital, distrital misto, "distritão", proposta em dois turnos); Continuidade ou não da existência da suplência no Senado; Manutenção ou não das coligações partidárias; Fim do voto secreto no Parlamento.
Logo de cara, dá para dizer que isso não é reforma política. É reforma eleitoral. A presidente Dilma parece que está preocupada apenas com as eleições do próximo ano.
Na verdade, a presidente só tem real interesse em dois pontos: o do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, bandeira do PT para fortalecer financeiramente os partidos da base de apoio ao governo, e o da definição das coligações partidárias. O resto é recheio do bolo.
Boa parte da chamada "base aliada" já sacou "qual é" a do governo e rejeita a proposta de plebiscito da presidente Dilma Rousseff. Por quê?
Porque partidos como o PMDB desejam que a presidente Dilma Rousseff continue enfraquecida politicamente, como apontam as pesquisas eleitorais após os protestos de rua [aliás, eles não acabaram. Apenas arrefeceram].
O PMDB, que não foi ouvido antecipadamente por Dilma na proposta de plebiscito ou referendo, já deixou claro que não aceita a reforma eleitoral que a presidente sugere a toque de caixa.
O PMDB quer ser protagonista na votação da reforma e tem tudo para comandar o processo. Afinal, o partido comanda as duas casas no Congresso Nacional. No Senado, Renan Calheiros. Na Câmara, Henrique Eduardo Alves.
A meu ver, Henrique Eduardo Alves vê nessa história de plebiscito uma grande oportunidade para consolidar uma imagem de liderança no cenário político nacional.
Ao assumir o cargo de presidente da Câmara, em fevereiro, ele prometeu votar a reforma política em discussão na casa. Mas foi vencido pela falta de consenso entre os partidos. Agora, com o povo nas ruas, ele ganha nova oportunidade de colocar o assunto em pauta e de liderar o processo de mudança.
E é isso o que ele pretende fazer. Ontem mesmo, ao receber a proposta da presidente Dilma, Henrique Eduardo Alves falava em grupo de deputados para apresentar uma proposta de reforma política, num prazo improrrogável de 90 dias, com a participação da sociedade.
Este foi o sinal mais claro que a proposta de plebiscito da presidente Dilma nasceu morta. Deputados e senadores não vão abrir mão das prerrogativas de votar matérias relacionadas ao sistema político. É a vida deles que está em jogo.
Apesar das manifestações de rua, o Congresso não quer perder o controle das decisões no campo político. E assim será feito. A presidente Dilma vai ficar falando sozinha.
fonte: Diógenes Dantas/Nominuto
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