Um ano depois de lançar o primeiro pacote de ações para convivência com a seca no Nordeste, a presidente Dilma Rousseff anuncia nesta terça-feira (2), em Fortaleza (CE), novas medidas para enfrentar uma das piores estiagens dos últimos 40 anos na região.
A presidente também fará aos governadores nordestinos uma prestação de contas dos R$ 7,8 bilhões gastos até agora, segundo o Planalto, em ações para minimizar os efeitos da seca.
De acordo com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), R$ 500 milhões do Banco do Nordeste já estão garantidos para 2013.
A expectativa é que a presidente atenda a demandas de prefeitos e produtores rurais, como a renegociação de dívidas e descentralização de recursos.
"A gente só fica com a descentralização dos problemas. Na hora que morre, é tudo na porta do prefeito", diz José Patriota Filho (PSB), prefeito de Afogados da Ingazeira (PE) e presidente da Associação Municipalista de PE.
Ele afirma que, como os recursos federais não chegam à prefeitura, é preciso usar dinheiro do caixa municipal para complementar a assistência. Patriota Filho calcula gastar R$ 100 mil mensais em medidas de combate aos efeitos da estiagem.
No mês passado, a presidente disse que o governo está investindo um total de R$ 30 bilhões para tentar ampliar a oferta de água no Nordeste até 2014.
BUROCRACIA.
A presidente da União dos Municípios da Bahia, Maria Quitéria Mendes (PSB), prefeita de Cardeal da Silva, diz que outro problema é a burocracia para acessar recursos.
Segundo ela, dez municípios não recebem dinheiro para contratar carros-pipa há seis meses porque a renovação do decreto de situação de emergência não foi homologada pelo governo federal.
Os prefeitos esperam que o Ministério da Integração Nacional libere de R$ 350 mil a R$ 1,1 milhão para cada um dos 1.365 municípios em situação de emergência no Nordeste e no norte de MG.
A proposta já foi apresentada ao ministro Fernando Bezerra, há duas semanas.
Os recursos, se liberados, serão utilizados para contratação de carros-pipa, limpeza de barragens, perfuração de poços, aquisição de pequenos sistemas de abastecimento e compra de ração animal.
Em Fortaleza, o secretário de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração, Francisco Teixeira, disse que os municípios precisam "melhorar seus projetos" para receberem dinheiro federal.
A previsão para 2013 é que a seca continue. O período chuvoso na região termina em abril e a expectativa de chuva, quando há, é abaixo da média histórica.
Meteorologistas dizem que ainda é cedo para prever se a estiagem se prolongará por 2014, completando três anos.
IMPACTO ELEITORAL.
A seca já acende o sinal amarelo nos partidos por causa do impacto eleitoral que deve ter no ano que vem.
De 417 prefeitos baianos, 291 são novatos. Muitos não não conseguiram se reeleger em 2012 porque levaram a culpa pelos efeitos da longa estiagem, segundo a União dos Municípios da Bahia.
Fonte: Daniel Carvalho e Aguirre Talento/Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.