De olho na reeleição, presidenta conversa com titulares de pastas estratégicas para pedir foco no desempenho de 2013.
Antes de viajar para a Guiné Equatorial e Nigéria, de onde chega neste domingo (24) após participar da 3ª Cúpula América do Sul-África e pleitear votos para o Brasil assumir a diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a presidenta Dilma Rousseff se reuniu com alguns ministros para dar uma ordem: 2013 é o ano do governo acontecer.
A orientação é para que os ministros trabalhem por resultados ao longo do ano, sem focar individualmente nas suas aspirações políticas para 2014. Dilma quer que o governo colha frutos mais consistentes para usar na sua própria candidatura a reeleição, após dois anos de crescimento fraco da economia – principal ponto que o Palácio do Planalto vê como flanco aberto para ataque da oposição.
Dilma quer eficiência na forma de números positivos até o final deste ano. O governo entende que os dois primeiros anos do mandato da presidenta foram ofuscados pela crise internacional e as eleições municipais. Agora, sem um calendário político exigindo concessões, a ordem é acelerar o trabalho dos ministérios para reforçar o discurso de reeleição para 2014.
A presidenta elegeu como principais linhas de ataque as áreas social, infraestrutura e econômica – especialmente a competitividade industrial e a reforma fiscal fatiada.
A avaliação é de que a área social vai bem e só precisa ser mais ventilada pela publicidade oficial. Não à toa, o Planalto ampliou o Bolsa Família adotando o slogan “O fim da miséria é só o começo” – reforçando, assim, a peça publicitária oficial do governo (“País rico é País sem miséria”).
Simplificação tributária
Na área econômica, o governo pretende tirar do papel medidas para desburocratizar o campo de atuação da indústria. Após reduzir a conta de luz das empresas, o próximo passo em estudo é a simplificação do Pis/Cofins.
Outro passo será inclusão de mais setores na desoneração da folha de pagamento, que já prevê a perda de R$ 16 bilhões em impostos pagos pelas empresas à União em 2013, conforme dados do Ministério da Fazenda. Atualmente, 42 setores são beneficiados pela medida criada pela Medida Provisória 601.
As empresas devem contar ainda com uma nova ferramenta de financiamento para projetos de infraestrutura. A novidade foi anunciada na última sexta-feira (22) pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Ele estuda “um mecanismo” para ampliar a participação dos bancos privados nos financiamentos.
“O Brasil é um país em que as taxas de juros de financiamento de curto prazo sempre foram maiores que as de longo prazo, por isso a dificuldade do setor privado com os financiamentos de longo prazo. Estamos estudando novas saídas”, diz o secretário.
O governo quer inverter essa lógica do crédito de curto prazo para estimular o financiamento privado em obras de grande porte, utilizando como moeda de troca mudanças no compulsório – depósito obrigatório que os bancos fazem de parte de seus recursos nos cofres do Banco Central para garantir suas operações. Quanto menor o compulsório, mais dinheiro sobra para os bancos aplicarem.
A saída pode ser atrelar a redução do compulsório a um aumento no maior nível de crédito para infraestrutura.
Fonte: Nivaldo Souza - iG/Último Segundo
Foto: Agência Estado
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