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RN POLITICA EM DIA 2012 ENTREVISTA:

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O CHORO DO MINISTRO QUE PODE SER DEMITIDO.

Enquanto a reforma ministerial apresenta seu esboço, a presidente Dilma Rousseff enfrenta o desafio de não demitir antes mais um ministro, o das Cidades .

A vontade da presidente Dilma Rousseff (PT) em não demitir o sétimo ministro antes de completar um ano no Planalto a coloca diante de um novo desafio. O que fazer com o novo escândalo na sala do ministro das Cidades, Mário Negromonte, aquele que tem contra si as lideranças do próprio partido, o PP? Agora foi a própria Con­trola-doria-Geral da União (CGU) que se recusou a aprovar a mudança no projeto de transporte de massa de Cuiabá (MT), modificação que aumentaria o preço da obra em R$ 727 milhões, dado omitido pelo ministério em seu parecer a favor da troca.
O projeto suspeito é mais um da série de obras duvidosas de infraestrutura para a Copa do Mundo em 2014. Proposta pelo governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB do vice-presidente Michel Temer, a ideia é trocar a construção de um sistema de ônibus rápido por outro de veículo leve sobre trilhos (VLT, para os técnicos). A troca elevaria o custo de R$ 489 mi-lhões para R$ 1,2 bilhão. A complicação política para Dilma é que a mudança de projeto passou por entendimentos entre o governador, o vice Temer, Negromonte e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
A troca do sistema de transporte foi inicialmente reprovada pela equipe técnica da Diretoria de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. Dois meses depois, em outubro, a diretora Luiza Gomide de Vianna e o chefe de Gabinete de Negro­monte, Cássio Peixoto, fraudaram o parecer técnico contra a obra. Substituíram o original por outro com o mesmo número de páginas, 123, agora a favor da troca de transporte. Com base na documentação falsa, Dilma e o governador aprovaram um empréstimo total de R$ 2,195 bilhões para as obras de infraestrutura em Cuiabá.
O choro, o bode e a cacetada
Ao receber a solidariedade de companheiros baianos, o ministro chegou a perder a voz e chorar na sexta-feira em Salvador, onde participava de uma cerimônia do ministério. Atestou que as denúncias contra si partem do seu partido (PP) e são aceitas pela imprensa “insatisfeita com o governo federal, interessada em enfraquecer a presidente Dilma; é uma mulher, existe discriminação”:
— Existe discriminação com o nordestino também.
A seguir, mencionou a acusação que recebeu por tráfico de influência para ajudar a Festa do Bode, na sua terra:
— Fizeram uma ilação com a Festa do Bode. Se fosse a Festa da Uva ou da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Mas, como é Festa do Bode, coisa de nordestino, e o ministro é nordestino, tome cacetada.
Em marcha, a reforma na Esplanada
O novo escândalo em Cidades anima o comando do PP a tentar mais uma vez a queda de Negromonte, cuja nomeação em janeiro não seria por indicação do partido, e sim do governador petista da Bahia, Jacques Wagner. Agora, porém, o PP parece conformado em esperar pela reforma ministerial no começo do ano, desde que o novo ministro seja do mesmo partido. É uma tendência semelhante à do PDT em relação ao contestado ministro do Trabalho, Carlos Lupi, cuja substituição seria mais assimilável pelo partido se o novo nome for de um pedetista.
A tendência no Planalto é manter o PP em Cidades, mas com um ministro que não seja contestado, como Negromonte, pelos próprios pedetistas. As maiores cotações pertencem a três congressistas: senador Francisco Dornelles (Rio), ex-ministro da Fazenda; e deputados Márcio Reinaldo (Minas) e Ciro Nogueira (Piauí). No caso do Trabalho, a tendência é diferente. A manutenção do PDT poderia ser do gosto de Dilma se Lupi pedisse demissão semanas atrás. Agora, o PT avança para ficar com ministério, que passaria da órbita da Força Sindical para a CUT.
Outros três ministros abrirão a vaga com certeza, pois devem disputar prefeituras nas capitais. É o caso de Fernando Haddad (Educação), com o olho em São Paulo; Fernando Coelho (Inte­gração Nacional), em Recife; e Iriny Lopes (Secretaria das Mulheres), em Vitória. Contra a vontade, devem limpar as gavetas Ana de Hollanda (Cultura), em viagem pela Bélgica neste fim de semana; e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), indicação política do governador Jacques Wagner, com quem se reuniu no fim da tarde de sexta, em Salvador.
Outra vaga que pode surgir é na Secretaria da Igualdade Racial. A secretária Luiza Barros, mais uma da cota do governador baiano, está a perigo porque não se entende com movimentos negros que, por isso, querem a sua cabeça. Ela é acusada de não dialogar e de não prestigiar demandas de petistas. “Virou as costas para o movimento social e para o PT, partido que teve papel fundamental nas lutas pela igualdade racial”, acusa Claudio Silva, militante do PT e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. O fato é que Luiza encontra mais apoio no PCdoB do que no PT.

Fonte: A.C. Scartezini-Jornal Opção

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