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terça-feira, 21 de setembro de 2021

BOLSONARO APROVEITA ONU PARA MANDAR CINCO RECADOS; VEJA QUAIS SÃO

Em sua terceira participação na Assembleia Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro se isolou ainda mais, seja pelo fato de ser um dos poucos líderes mundiais a não ter se vacinado, seja por negar os problemas ambientais na região amazônica e o efeito da pandemia que matou mais de 590 mil brasileiros. 

Ao invés de tentar melhorar a imagem chamuscada do país no exterior, Bolsonaro preferiu adotar um discurso radicalizado, voltado aos seus apoiadores.

O tom de sua fala na sede das Nações Unidas lembrou mais as suas "lives" semanais, quando profere  inverdades, e menos a carta de pacificação que escreveu com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, após fazer ameaças antidemocráticas nos atos do 7 de Setembro e ficar sob pressão. De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro aproveitou a sua fala de 12 minutos para enviar recados.

Veja os principais:

1 - Tratamento precoce

Com o país prestes a ultrapassar 600 mil mortos pela pandemia, Bolsonaro redobra o discurso negacionista e defende o tratamento precoce em um palco global. Isso não é por acaso: ocorre em um momento em que a CPI da Covid no Senado faz importantes descobertas com o uso da cloroquina em "cobaias humanas" da rede de hospitais Prevent Senior. Com a previsão do fim da comissão nas próximas semanas, o presidente tenta usar o discurso como um antídoto das acusações que certamente sofrerá. Essa nova postura do governo, mais radical nos temas da pandemia, é vista até mesmo na alta polarização do Ministério da Saúde, que mudou a orientação de vacinação para adolescentes, contrariando cientistas e a própria Anvisa.

Neste ponto, Bolsonaro aproveita a ONU para partir para o ataque: "Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos."

2 - Meio ambiente

Tema que mais provoca expectativas no exterior, o meio ambiente foi tratado por Bolsonaro com dados estatísticos a seu favor. Porém, ele faz cortes temporais das informações que apenas beneficiam sua administração, sem uma análise profunda. Isso gera uma guerra de narrativas que afeta a sua segunda parte do recado que pretendeu mandar sobre o tema: cobrar mais envolvimento e recursos dos países ricos na agenda verde.

O pedido de maior engajamento e dinheiro das nações desenvolvidas tinha tudo para tirar Bolsonaro do isolamento ambiental em que ele tem posto o país, mas a falta de credibilidade afeta este ponto, o único em que sinalizou com algum acordo, ao dizer que, na COP-26, "buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global".

3 - Agronegócio

Bolsonaro se portou como um embaixador do agornegócio braileiro.  Afagou o campo, base importante de seu apoio e responsável por enviar pessoas às manifestações de apoio ao governo. Bolsonaro defendeu o direito de "usar terras para a agricultura", em um sinal indireto sobre o julgamento que o STF faz sobre o marco temporal das demarcações de terras indígenas. Disse que a agricultura brasileira é de baixo carbono e que alimenta o mundo.

4 - Investidores e mercado

Se na pandemia Bolsonaro não se fia na ciência, na economia abusa dos números. Seu discurso tentou vender um país que cresce, atrai investimentos e se moderniza. Porém, o que poderia ser visto como uma tentativa de atrair ainda mais recursos para o Brasil pode ser um tiro no pé. As previsões econômicas de crescimento e inflação pioram a cada dia. Conforme seu próprio ministro da Economia admite, graças aos "ruídos políticos", como os que Bolsonaro fez em todo o resto de seu discurso.

5 - Incendiando sua base com um Brasil sem problemas

Bolsonaro falou para a sua base. Disse que o país está, há dois anos e oito meses, sem corrupção, ignorando investigações, CPIs e denúncias que já afetaram até ministros de seu governo, como o do Turismo. Afirmou que agora tem um presidente temente a Deus e que o país é baseado na "família tradicional", o que funciona como boa "cortina de fumaça" para os problemas do país e engaja apoiadores, sobretudo evangélicos. Não tratou de questões como o aumento da fome, desemprego recorde, ou meio de enfrentar estes problemas, muito menos pedir colaboração ou articulação global para esses flagelos que são também planetários. Ao criticar a imprensa, ao dizer que mostraria o país que não está "nos jornais ou em televisões", falou para a sua base fiel. O discurso impresso, distribuído pelo governo, previa trecho que dizia que "o Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares", mas Bolsonaro acabou cortando a referência às Forças Armadas.

Fonte: O Globo

Foto: AFP

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