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domingo, 16 de setembro de 2018

UMA MULHER NO JABURU.

Apesar do avanço da participação feminina na política, especialistas criticam cargo secundário.

A figura do vice-presidente costumava ser considerada “peça decorativa” no Poder Executivo. Não em 2018. Depois que Michel Temer (MDB) assumiu a cadeira de Dilma Rousseff (PT), em 2016, após o impeachment da presidente, os vices passaram a ter peso significativo no voto do eleitorado. Este ano, principalmente, do público feminino, que soma 52% do total de eleitores registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dilma foi a primeira mulher eleita presidente no Brasil. Em 2019, a possibilidade de uma mulher substituir Temer no Palácio do Jaburu – residência do vice-presidente em Brasília – é alta. Manuela D’Avila (PCdoB), Kátia Abreu (PDT) e Ana Amélia (PP) são três das cinco candidatas ao cargo e seus companheiros de chapa, respectivamente Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), têm chances de ir ao 2º turno e derrotar Bolsonaro, dono do maior índice de rejeição (44%), que fica ainda maior entre as mulheres.
As outras duas candidatas a vice são Sonia Guajajara (PSOL) e Professora Suelene Balduino (Patriota). Para a cientista política Clarisse Gurgel, a importância que a mulher assume nessas eleições é “às avessas”. “O impeachment da Dilma contou com certa dose de misoginia. Setores que se mobilizaram para lançar a candidatura feminina estavam atentos ao desgaste da mulher no poder e partiram dessa preliminar, mas sem deixá-la explícita. Ou seja, a gente joga a mulher que vai poder dialogar com esse eleitorado, mas evita na cabeça da chapa”, diz Clarisse. Segundo ela, a esquerda percebeu “que não podia bancar isso novamente, e a direita entendeu que também não podia ficar como aquela que não admite uma figura feminina no poder.” “Quem está fora disso? O Bolsonaro, que tem a maior rejeição do público feminino”, completa a cientista política.
Este ano, 8.535 candidaturas femininas foram registradas, o que equivale a 30,7% do total de 27 mil. Muito pouco além da obrigatoriedade de destinar 30% dos recursos do Fundo Partidário a campanhas femininas, e ainda menos do que nas últimas eleições, quando 31,1% das candidaturas foram de mulheres. Em 2014, o país elegeu uma governadora em 27 unidades da Federação; 51 deputadas em 513 assentos e sete de um total de 54 senadores, números distantes da proporção delas no eleitorado.
A cota para candidaturas femininas foi instituída em 1997, na Lei das Eleições, mas somente em 2009 uma mudança no texto deixou clara a obrigatoriedade da medida. No pleito de 2010, depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), passou a ser obrigatória, também, a destinação de 30% dos recursos financeiros para candidatas. Apesar disso, as mulheres ainda têm dificuldade de se ver representadas na política. Na corrida presidencial, por exemplo, apenas duas encabeçando chapas: Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU). Para o governo do estado, são 29, entre 199 candidatos, e 74 para 203 vices.
O que deixa dúvida, no entanto, é por que o vice parece ter assumido importância só agora, se, ao longo da história do país, foram oito que ocuparam a Presidência. “É uma novidade porque, hoje, tudo gira em torno dos últimos episódios envolvendo (os ex-presidentes) Lula e Dilma. Dilma foi deposta por um vice. Nesse mesmo período histórico, Lula é preso. E quem é o espelho dele na disputa eleitoral? O vice. Nós estamos vendo o (candidato do PSL) Jair Bolsonaro produzir o mesmo espelho. Quem fala em nome dele enquanto está fora da campanha? O vice. Essa figura torna-se importante pela forma nova que assume: um espectro do titular”, analisou Gurgel.
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Fonte: Rebeca Letiere/Jornal do Brasil
Foto: Karla Boughoff e Reprodução

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