Admirada publicamente por representar uma mulher à frente do seu tempo, Zuleika Sucupira Kenworthy, a primeira mulher a ingressar no Ministério Público, morreu nesta quarta-feira (13) às 19h em sua casa, aos 105 anos, em Sorocaba. Sua sobrinha, Elza Mônica de Oliveira Bitencourt, que estava com ela na hora do falecimento, resumiu a sua personalidade: "Um exemplo de vida."
O velório será realizado nesta quinta-feira (14), a partir das 7h, no Espaço Pax, e o corpo será sepultado às 15h no cemitério Pax.
Zuleika foi a primeira mulher a ingressar no Ministério Público numa época em que a carreira de promotor era exclusivamente masculina. Foram 32 anos de promotoria. Pioneira em São Paulo, no Brasil e na América Latina, foi também a primeira procuradora do Estado.
Nascida em Jundiaí, veio morar em Sorocaba há 28 anos, após se aposentar. Suas relações locais estavam vinculadas à origem de sua família. Os Kenworthy, industriais de Manchester, Inglaterra, tinham vindo ao Brasil fundar um império têxtil, mais tarde conhecido como Companhia Nacional de Estamparia. Ela falava várias línguas: inglês, francês, espanhol, italiano, entendia bastante a língua alemã.
Para entrar no Ministério Público, enfrentou o machismo. Prestou três vezes concurso para promotora e foi aprovada na terceira tentativa. Atuou em várias cidades do Estado.
Em 1963, representou o Brasil no encontro sul-americano sobre criminologia e prevenção da delinquência promovido pela (ONU). Dois anos depois, foi convidada para o congresso da ONU sobre o tema em Estocolmo, Suécia. Recebeu várias honrarias, entre as quais o título de Cidadã Sorocabana.
Fonte: Carlos Araújo/Jornal Cruzeiro
Foto: Pedro Negrão/Arquivo JCS
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