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domingo, 10 de dezembro de 2017

O GOVERNO ESTÁ MUITO LONGE DE CONSEGUIR OS VOTOS PARA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA.

308 é a meta desejada – e hoje ainda muito distante.

O presidente Michel Temer serpenteava entre as rodas de convidados espalhadas pelo amplo salão do Palácio da Alvorada durante o jantar oferecido na quarta-feira, dia 6, aos líderes das bancadas do Congresso e presidentes de partido para atualizar o placar de votos a favor da reforma da Previdência. Ao se aproximar do grupo em que estava o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Temer ouviu o que se passa nos subterrâneos do Congresso – resistência à reforma e desconfiança da contabilidade oficial, vendida com otimismo durante a maior parte da semana passada. Ouviu críticas à estratégia do governo. “Presidente, a liberação dos R$ 500 milhões para os sindicatos e o repasse de R$ 2 bilhões para os prefeitos deveriam ter sido condicionados à aprovação do texto da reforma”, disse um influente deputado. “Agora que eles já foram atendidos, o efeito pode ser inócuo.” Esfregando uma mão sobre o dorso da outra e alternando a de cima com a de baixo sucessivamente, Temer ouvia as queixas. Limitou-se a balbuciar: “Mas convenhamos... convenhamos...”.
Durante a maior parte da semana, o governo vendeu otimismo. A adesão à reforma da Previdência avançava, de acordo com informações saídas do Palácio do Planalto, fosse por meio dos ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, fosse por outros assessores. A partir da quinta-­feira, dia 7, no entanto, o clima recrudesceu. De manhã, Maia participou de uma teleconferência com investidores, gente do mercado financeiro. Deu a eles um parecer sincero, de que o governo não tinha votos suficientes para colocar a reforma em votação nesta semana, no dia 13, como se esperava. O choque de realidade fez a turma do mercado financeiro realizar seu pessimismo em negócios. O dólar subiu 1,7%, a maior alta desde maio, e as taxas de juro futuras aumentaram, dois sinais de quem joga à espera do pior. Na tarde da quinta-feira, o adiamento se concretizou. Temer e Maia combinaram de colocar o texto em votação na última semana de trabalho do Congresso no ano, entre os dias 18 e 22. “Essa agenda não vai desaparecer. Ou a gente vota isso ou o Brasil vai caminhar para a quebradeira”, disse Maia.
Não por acaso, o período coincide com a deliberação sobre o Orçamento de 2019. Deste modo, há uma garantia de quórum. Deputados não deixam de votar o Orçamento – se o fizerem, o governo funciona precariamente. Ao amarrar as duas votações, o governo reduz o risco de deputados fugirem do plenário na hora decisiva. Aos deputados, a ideia agrada. É possível amarrar o voto num tema polêmico com a garantia das benesses prometidas no Orçamento ali, na hora. Estratégia esperta, mas reveladora de desespero do Planalto. A realidade, no entanto, é um pouco pior. O governo não diz, mas trabalha com a hipótese de votar a reforma só em fevereiro do ano que vem, na volta do recesso parlamentar. Não vê chance de obter as adesões necessárias neste ano.
A reforma é uma matéria vital para o país, portanto não é trivial. São necessários 308 votos favoráveis na Câmara, em duas votações. Na quinta-feira, o próprio Temer disse a ministros que tinha 280 votos pela reforma; auxiliares palacianos, sempre mais otimistas, falavam em 290; líderes partidários, pessimistas por conveniência, diziam que eram 270. Para tentar elevar esse placar até ao menos 320 e, assim, ter margem mínima de segurança para não perder graças àqueles que traem ou fogem, o Planalto calcula que ainda precisa convencer cerca de 50 deputados. É muita gente.
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Débora Bergamasco, Mateus Coutinho e Patrick Camporez/Época


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