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sábado, 4 de novembro de 2017

O PROFESSOR DO FUTURO.

Enquanto as escolas incorporam novas tecnologias de ensino para criar experiências que transcendam a tradicional aula expositiva, cabe aos docentes entender e superar os desafios dos alunos para manter o interesse no aprendizado.

Ao longo das últimas décadas, o professor Celso Antunes, hoje com 80 anos, tem se dedicado a compreender os desafios da educação no Brasil. Autor de mais de 180 livros ligados a questões de ensino, ele lamenta que a capacitação do professor brasileiro esteja a “anos-luz de distância dos países em que a educação é um paradigma”, citando como exemplos Dinamarca, Singapura e Estônia – hoje considerado um dos países com o melhor ensino fundamental da Europa.
Membro fundador da entidade Todos Pela Educação, Antunes diz que o professor, seja de escola pública ou privada, ainda é “prisioneiro da aula expositiva, do discurso”. Para ele, a escola precisa ajudar esse profissional a se capacitar. “O melhor caminho é entender o que fazem os países que estão no topo do Pisa”, diz, referindo-se ao Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que mede o nível educacional de jovens do mundo todo por meio de provas de leitura, matemática e ciências.
Iniciativas positivas
Esperar grandes saltos diante de um cenário tão precário pode ser uma utopia. Mas há iniciativas que podem, aos poucos, elevar o padrão do ensino no País. Isso envolve capacitações antes não exigidas dos docentes, uma vez que o aluno de hoje tem acesso a uma variedade muito maior de estímulos, a começar pelos aplicativos que piscam em seus smartphones.
Para muitas crianças e adolescentes, manter o foco em uma aula tradicional é algo cada vez mais enfadonho. “Precisamos refletir com cuidado e entender os aspectos que envolvem os processos de atualização do professor”, diz Marcelo Milani, coordenador de tecnologias educacionais do Colégio Humboldt, de São Paulo, instituição de ensino bilíngue (português/alemão) que duas vezes por ano organiza um ciclo de palestras, seminários e trocas de experiências para a formação continuada de seu corpo docente.
Os ganhos obtidos com a troca de experiências promovidas nesses encontros, dos quais participam convidados de fora do País, resultam em mudanças qualitativas nas práticas de sala de aula. “A instituição precisa não apenas ajudar o professor a entender os ganhos dessa atualização como prover estruturas para que isso aconteça, tanto na forma de instalações e equipamentos como de tempo e recursos humanos para orientá-lo e acompanhá-lo nesse processo”, diz Milani, acrescentando que “boas formações devem estabelecer pontes de contato com seus conhecimentos e possibilitar que não apenas sejam apresentadas ideias novas como também colaborem com o desenvolvimento de seus potenciais já estabelecidos.”
Entre os desafios atuais da educação está o desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos. Miriam Guimarães, coordenadora de equipe de psicólogos e pedagogos da Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEC), afirma que a formação continuada pode oferecer aos professores estratégias práticas para lidar com situações de estresse emocional dos alunos e de autocontrole para todos.
Existem instituições com programas já validados pela Organização Mundial da Saúde que capacitam professores e alunos a lidarem melhor com sentimentos, relacionamentos, situações de ameaça, e abordam esses assuntos de forma sistematizada e contínua. “Algumas competências dos professores podem fazer muita diferença para uma sala de aula mais segura emocionalmente”, diz Miriam. “Uma delas é saber criar um ambiente acolhedor, que significa melhorar a própria percepção das necessidades emocionais que os alunos apresentam no cotidiano”.
5 competências indispensáveis
O que esperar dos mestres que vão preparar as novas gerações
1 Espírito inovador
estar disposto a introduzir novas ferramentas de ensino, como dispositivos eletrônicos
2 Formação continuada
ampliar o espectro de estudos no Brasil e no Exterior e buscar as melhores fontes de sua área de atuação
3 Trabalho em equipe
organizar equipes amplas de trabalho, absorvendo e disseminando as potencialidades dos agentes envolvidos
4 Traquejo social
ensinar alunos a lidar com problemas e fazer escolhas saudáveis para resolver conflitos
5 Curadoria de conteúdo
ser capaz de filtrar o melhor conteúdo diante do excesso de informações disponíveis na internet

Fonte: Celso Masson/IstoÉ

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