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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIOCESE DE NOVA IGUAÇU CRIA PASTORAL DA DIVERSIDADE E DIVIDE OPINIÕES.

A mesma Bíblia que é usada por alguns para atacar os homossexuais será, agora, instrumento contra o preconceito. A Diocese de Nova Iguaçu deu início, no último sábado, aos encontros da Pastoral da Diversidade, destinada a pessoas LGBTs. A iniciativa — inédita no estado do Rio — foi anunciada pelo próprio bispo da região, Dom Luciano Bergamim, de 73 anos.
A ideia foi celebrada por integrantes de movimentos sociais. Adriano Dias, de 47 anos, fundador da Comcausa, lembrou o papel educativo que a Igreja tem em regiões da periferia, como a Baixada Fluminense.
— Como se enfrenta este preconceito, o ódio que é disseminado por aí? A Igreja Católica em Nova Iguaçu, com esta pastoral, traz uma mensagem de acolhimento. Além disso, há grandes chances de prevenir a violência praticada contra homossexuais — afirma Dias.
Os encontros da Pastoral da Diversidade ocorrerão mensalmente, e são abertos a qualquer pessoa. Durante a reunião, presidida por um padre, há o compartilhamento de histórias de vida de cristãos homossexuais.
— Na primeira reunião que tivemos, diversos dirigentes de pastorais foram para conhecer essa realidade. Temos que aprender a lidar com esta realidade, curar essa ferida — defende um padre, que prefere não ser identificado.
Apesar de contar com apoio de parte da população, setores conservadores da própria Igreja Católica e de outras religiões estão promovendo ataques nas redes sociais contra o desenvolvimento da Pastoral da Diversidade. No perfil de Dom Luciano Bergamim, no Facebook, usuários acusam o bispo de deturpar a doutrina do catolicismo:
“A Diocese vai ensinar a estes homossexuais que vivem a prática anormal, contra a natureza, pecaminosa e odiada por Deus, que isso é pecado que brada ao céu?”, escreveu uma internauta.
O próximo encontro da pastoral ocorre no dia 9 de dezembro, às 17h, na Rua Dom Adriano 8, no Moquetá, ao lado do Sesc.
Qual o objetivo da Pastoral?
O que Jesus faria em relação a essas pessoas se estivesse aqui? Temos também o exemplo que nos dá o Papa Francisco. Ele pede uma Igreja que vá ao encontro das pessoas. Esta pastoral quer acolher, compreender estes cristãos. Não queremos julgar ninguém. Queremos rezar juntos.
Diante disso, como ficam os ensinamentos da Igreja, por exemplo, sobre o matrimônio?
Não negamos o ensinamento da igreja. Não negamos o matrimônio. Desejamos que os casais, homem e mulher, se casem, tenham amor. Mas temos que acolher quem tem outra opção sexual. A gente sabe quantos morrem por esse motivo? Nós, como Igreja, temos que defender a vida, então temos que defender a vida dessas pessoas. Tivemos amigos assassinados por causa disso. Como vou dizer para Jesus que não estou triste com isso? Não é iniciativa para dizer que somos progressistas. Foi uma ideia que veio do coração da gente.
O senhor já vem enfrentando críticas de conservadores por causa da Pastoral. Como lidar com isso?
Fui muito criticado, só que a maioria acha que é uma coisa boa. Mas teve gente que achou que era atitude errada. Jesus foi criticado e até crucificado. O objetivo não é dizer quem está certo, errado, se você vai para o céu ou inferno. O objetivo é respeitar, compreender, amar e acolher. Eu já sabia que seríamos criticados. Mas estamos aqui para defender o maior mandamento de Jesus: amar.

Fonte: Igor Ricardo/Extra
Foto: Cleber Júnior/Agência O Globo

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