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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

SEM FUNDO PARTIDÁRIO, MAIA RECOMENDA A CANDIDATOS "CELULAR DE ALTA DEFINIÇÃO" PARA 2018.

Presidente da Câmara não acredita que a proposta passe na discussão da reforma eleitoral.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostrou-se bastante cético nesta quinta-feira quanto às chances de ser aprovada a criação de um fundo eleitoral com dinheiro público. Segundo ele, a votação de ontem, quando o plenário aprovou apenas assuntos periféricos da reforma política, provou que é muito difícil reunir os 308 votos necessários para a instalação do fundo. Sendo assim, seu conselho é que os candidatos no ano que vem "comprem um bom celular de alta definição" para fazerem seus próprios programas eleitorais.
Na votação de ontem da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma política, relatada pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), foi aprovada a retirada do percentual de 0,5% das receitas da União para abastecer um eventual fundo público eleitoral e rejeitada a criação de mandatos de dez anos para magistrados de cortes superiores.
— A probabilidade de o fundo sobreviver na emenda constitucional é muito difícil — opinou Maia.
Maia afirmou que os partidos e candidatos provavelmente terão que dar um jeito nas eleições do ano que vem, pois na sua avaliação os R$ 800 milhões disponíveis ao conjunto de partidos por meio do fundo partidário já em vigor são insuficientes para bancar todas as campanhas. Ele também acha que a ideia de ressuscitar o financiamento privado não será aprovada pelo Senado, onde se encontra um projeto com esse teor. Uma das fontes de financiamento que os políticos terão de correr atrás na campanha de 2018, disse, é a doação de pessoa física, algo que ele mesmo alerta como fora da cultura do brasileiro.
— Se o Senado não vai votar o financiamento privado, os deputados dizem que não precisam do fundo público, vamos à eleição com o que a gente tem. E acho que vai ser uma boa experiência: poucos recursos para muitas eleições, eu acho que vai todo mundo ter que comprar um bom celular, uma boa definição de imagem, contratar um bom cinegrafista amador e cada um fazer sua campanha na televisão. Vai ser uma boa experiência, vai ficar mais natural, mais próximo da realidade da vida das pessoas do que essas campanhas milionárias — avaliou.
O presidente da Câmara deposita grande expectativa na aprovação de uma outra PEC que compõe o pacote da reforma política em trâmite na Casa: o que acaba com as coligações nas eleições de deputados e vereadores e cria a cláusula de barreira, relatada pela deputada Shéridan (PSDB-RR). Esse texto foi aprovado ontem na comissão especial e está pronto para ir à votação do plenário.
Maia indicou que pode colocar em pauta primeiro o texto de Shéridan na próxima terça-feira e só depois retomar a votação dos demais pontos do projeto de Vicente Cândido que ainda não foram aprovados, como a polêmica criação do fundo público eleitoral e a mudança no sistema de eleição de deputados e vereadores para o chamado Distritão.

Fonte: Catarina Alencastro/O Globo

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